domingo, 18 de novembro de 2012

FRASES: relembre o que Bruno, Bola e outros réus falaram no caso Eliza


Bruno e mais 4 réus vão a júri popular pela morte de ex-amante do goleiro.
Segundo o inquérito, crime ocorreu em 2010, mas corpo nunca foi achado.




Do G1 em São Paulo

Quem nunca brigou com a mulher ou até mesmo saiu na mão com a mulher?""
Bruno, em 6 de março de 2010, ao comentar
um escândalo envolvendo o jogador Adriano
O goleiro Bruno Fernandes de Souza e outros quatro réus começam a ser julgados por júri popular, a partir desta segunda-feira (19), pelo cárcere privado e morte da ex-amante do jogador, Eliza Samudio, de 25 anos, em crime ocorrido em 2010. Para a Promotoria, o atleta arquitetou o crime para não ter de reconhecer o filho que teve com Eliza nem pagar pensão alimentícia. Bruno nega. Veja as principais frases que marcaram o caso Eliza:


"Eu peço desculpas a todos vocês e todas as mulheres do Brasil."

Bruno, em 8 de março de 2010
"Todo mês, ele mandava o cara que trabalha pra ele depositar uma miséria. Esse mês, tá enrolando. O acordo para ele depositar foi de eu ficar quieta, não falar nada pra imprensa."
Eliza Samudio, em 28 de abril de 2010, em conversa com amigo pela internet
"Você não vai mais apanhar, não. Você vai é morrer."
Bola para Eliza, em 9 de junho 2010, segundo depoimento do primo de Bruno
"Conforme a denúncia e todo histórico de tentar esconder esse menor, seria que ele e mais dois amigos agrediram a Eliza, que porventura veio a óbito provavelmente, e ocultaram o cadáver pra tentar se livrar."
Delegada Alessandra Wilke, em 16 de julho de 2010, em entrevista ao 'Fantástico'
"A esperança é a ultima que morre. No fundo, eu tenho quase certeza de que ela não está mais entre a gente."
Luiz Carlos Samúdio, pai de Eliza, em 16 de julho 2010, em entrevista ao 'Fantástico'
"O Flamengo lamenta profundamente o ocorrido com um de nossos atletas. [...] Entendemos o momento delicado para o clube, mas é um problema particular do jogador. O Flamengo entende que não tem competência para julgar qualquer situação, e tão logo aconteça esse julgamento da Justiça o Flamengo tomará, com tranquilidade, as medidas cabíveis."
Patricia Amorim, presidente do Flamengo, em 28 de junho de 2010
"No futuro, vou rir disso tudo."
Bruno, em 28 de junho de 2010, em entrevista à 'Rádio Globo'

Bruno, em treino no dia 1/7/2010
Bruno falou com jornalistas após treinar no Centro de Treinamento do Flamengo (Foto: Carolina Lauriano/G1)Bruno falou com jornalistas durante treinamento do
Flamengo em 2010 (Foto: Carolina Lauriano/G1)


"Por enquanto é uma situação delicada.Estou chateado. Estou torcendo pra que ela possa aparecer. Está sendo constrangedor, não só pra mim, quanto para minha família. Chateado eu estou, pelo fato de ela ter desaparecido, mas quero que ela apareça logo, para que a gente possa conversar, voltar a ser feliz outra vez, porque tá difícil."
"Quem trouxe a criança para mim foi o Macarrão, que é um funcionário, que acabou me entregando a criança, falando que ela tinha deixado a criança com ele porque tinha que resolver uns problemas pessoais. Ele é meu funcionário, pode responder melhor que eu."

"Agora eu acho que as coisas ficaram muito mais difíceis. No Brasil, para mim (...) se eu tinha esperança de disputar a Copa de 2014, acabou. Isso sou eu falando."
Bruno, em 8 de julho de 2010







"A causa [ do crime] é uma paternidade indesejada."
Delegado Edson Moreira, em 9 de julho 2010
"Eu falei para o Bruno que isso certamente ia dar problemas para ele e ele me respondeu que estava preparado."
Sérgio Rosa Sales, primo do goleiro Bruno, em 15 de julho de 2010

Bruno, durante voo em 18/7/2010


"Ela estava com quatro amigas. Eu e meus amigos. Nesse dia, ela ficou comigo e com meus amigos também. Só fiquei com ela uma vez, vinte minutos."
"Eliza, onde come um comem dois. Onde comem dois comem quatro. Se o filho for meu...Pra mim, era tranquilo."
"Fiquei com medo. Ela já tinha armado contra mim no Rio de Janeiro."
"Não sei o que deu na cabeça dele [Macarrão]. Hoje, diante de todos os fatos que existem, é difícil acreditar nele. Estou chocado."

Delegado Edson Moreira chega a audiência (Foto: Pedro Triginelli/G1 MG)Delegado Edson Moreira chega para audiência do
caso Eliza Samudio (Foto: Pedro Triginelli/G1 MG)
"Voce está me perguntando se o Bruno vai ser indiciado? O que você acha? Ele vai ser, porque ele é o mandante. Ele é o motivador. Vai ser sim."
"Quem falar que Eliza está viva está com alucinação, porque Eliza está morta. A materialidade é indireta. Quem escondeu o corpo escondeu bem escondido. O corpo infelizmente não foi localizado, mas temos provas de que ela está morta."Delegado Edson Moreira, em 23 de julho de 2010
"Bruno a leva para o Rio de Janeiro no mês de maio. Isso já é planejamento de execução" (...) Já estava tudo previamente planejado a partir de maio. Sabiam que teria o intervalo da Copa, começa a execução do crime."
"Aí está o X da questão. Fica provada a premeditação, pois todo ano o time era levado para o Rio de Janeiro. Bruno aproveitou esse lance da Copa para voltar para Minas."
"A criança é a prova material de que Eliza estava morta, porque ela jamais iria deixar a garantia de um futuro estável."
"Claro que tendo uma pessoa experiente, que conhece e sabe como matar e sumir com um corpo, vai ser difícil achar esse corpo. Por isso optamos pela materialidade indireta."
Delegado Edson Moreira, em 30 de julho de 2010

Estamos presos há 70 dias e Bruno já tentou se matar várias vezes. É só isso o que tenho pra dizer"
Macarrão, em 17 de setembro de 2010






"O menor desmentiu toda essa cena dantesca de que houve a ‘finalização’ de Eliza e de que houve, vamos dizer, o esquartejamento dela e que parte do corpo tenha sido jogada para os cães. Isso não existe."Eliézer Lima, advogado do adolescente Jorge Lisboa Rosa, em 28 de julho de 2010
"A primeira vez que Eliza me procurou estava muito nervosa e relatava que estava sendo ameaçada de morte."
Maria Aparecida Mallet, titular da Delegacia da Mulher no RJ, em 26 de agosto de 2010

Ingrid Oliveira concede entrevista ao Fantástico e relata ameaças de Quaresma (Foto: Reprodução TV Globo)Ingrid Oliveira em entrevista ao Fantástico relata
ameaças de Quaresma (Reprodução/TV Globo)
Você é a pedra no meu sapato, então se você tem amor a sua vida eu quero que você saia do meu caminho.” [ao falar que recebeu ameaças do advogado de Bruno]
“Ele falou que teria sido orientado pelo advogado a cortar os pulsos pra ver se ele conseguiria algum tipo de regalia.”Ingrid Oliveira, noiva de Bruno, em 10 de outubro de 2010

"Eu não ameaço, eu faço" [sobre a denúncia de ameaça]
Ercio Quaresma, advogado de Bruno, em 13 de outubro de 2010
O Quaresma é um pai pra mim. Um pai que eu não tive.”Bruno, sobre supostas ameaças de Quaresma, em 13 de outubro de 2010
"Eu sou o cão, eu sou o demônio, eu sou satã, eu sou lúcifer."
Ercio Quaresma, advogado de Bruno, em 18 de outubro de 2010

Ela está viva, em São Paulo. Eu jamais mataria, tenho duas filhas para criar”
Bruno, em 26 de outubro de 2012






"Eliza está viva e a polícia está procurando a pessoa morta. Ela [a polícia] precisa procurar a pessoa viva. É por isso que não acha."
Macarrão, em 26 de outubro de 2012
"Quem me dera que a minha filha estivesse viva. Meu Deus do Céu."
Luiz Carlos Samudio, pai de Eliza Samudio, em 26 de outubro de 2012
"Ele [Jorge Rosa, primo de Bruno] tem distúrbios mentais e uma pessoa que inventa o que ele inventou é um psicopata."Bruno, em 11 de novembro de 2010
"Do jeito que ele falou, ele fez. Disse que ia matá-la, sumiria com o corpo e ninguém ia saber."
Testemunha que pediu para não ter o nome revelado, em 17 de novembro de 2010
"Não é possível desossar alguém e não existir qualquer vestígio de sangue no local do cometimento do fato."
George Sanguinetti,  perito contrato pela defesa, em 17 de novembro de 2010

Quando eu assumi [a defesa], eu falei pro Bruno: ‘Bruno, isso é fantasia’. Demonstrei a ele que a tese correta é a verdade.Admitimos que ela foi assassinada
Rui Pimenta, advogado, em 11 de março de 2012







"O Bruno vai reconhecer o Bruninho, independentemente de exame de DNA."Rui Pimenta, advogado de Bruno, em 14 de maio de 2012
"É mais uma vitória, isso era a única coisa que minha filha queria, mas infelizmente ela não está viva para ver. Nada mais justo, pois é o direito de qualquer criança ter o nome do pai no registro, independente do que ele [goleiro Bruno] fez para minha filha."Sônia Moura, mãe de Elize, em 18 de julho de 2012
"O ano passado eu também tive um sonho com o lugar onde a Eliza havia sido jogada. Sonhei com o nome da rua e número, havia até uma passagem secreta que dava acesso ao poço onde ela foi jogada."Carta anônima enviada à mãe de Eliza Samudio, em 20 de junho de 2012
"Maka, eu não sei como dizer isso, mas conversei muito com os nossos advogados e eles chegaram a uma conclusão devido aos últimos acontecimentos e descobertas sobre o processo e investigações. Nós conversamos muito e eles acham que a melhor forma para resolvermos isso é usando o plano B."Carta de Bruno para Macarrão, divulgada em 7 de julho de 2012
"A carta poderia ser o término de um relacionamento sexual, eu pensava isso. Mas ficou claro que a carta era dentro do âmbito da amizade depois de conversar com o Bruno."Pimenta, no mesmo dia, ao mudar de ideia sobre conteúdo da carta
"É um devaneio, é um absurdo infundado. É uma história funesta. Não tem respaldo nenhum. O Luiz Henrique tinha uma relação profissional com o Bruno."
Leonardo Diniz, advogado de Macarrão, em 11 de julho de 2012
Eu não tenho dúvida nenhuma que ele vai ser absolvido. Ele vai sair pela porta da frente, com o alvará no bolso"
Rui Pimenta, advogado de
Bruno, em 9 de outubro de 2012

 





"Ela não teve ligação nenhuma com o crime de cárcere privado. Ela devia é ter sido condecorada por ter protegido a criança de tudo."Francisco Simim, que defende o goleiro e sua ex-mulher, Dayanne Rodrigues
"Fizeram de mim um monstro (...) Jamais tirei a vida de ninguém."Bola, em 6 de novembro de 2012, durante julgamento por morte de carcereir
o

Bruno e mais quatro réus vão a júri popular por morte de Eliza Samudio



Goleiro que atuava pelo Flamengo é acusado de mandar matar ex-amante.
Segundo a polícia, crime ocorreu em 2010, mas corpo nunca foi encontrado.


bruno_bola_macarrao_juri_620 (Foto: Reprodução/TV Globo)
Bruno, Macarrão e Bola começam a ser julgados pela morte de Eliza Samudio (Foto: Reprodução/TV Globo)
O goleiro Bruno Fernandes de Souza e outros quatro réus começam a ser julgados por júri popular, a partir desta segunda-feira, (19), pelo cárcere privado e morte da ex-amante do jogador, Eliza Samudio, de 25 anos, em crime ocorrido em 2010.
(A partir de segunda, dia 19, acompanhe no G1 a cobertura completa do julgamento do caso Eliza Samudio, com equipe de jornalistas trazendo as últimas informações, em tempo real, de dentro e de fora do Fórum de Contagem, em Minas Gerais. Conheça os réus, entenda o júri popular, relembre os momentos marcantes e acesse reportagens, fotos e infográfico sobre o crime envolvendo o goleiro Bruno.)
Sete jurados decidirão o destino dos réus no Fórum de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), no júri presidido pela juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues. A previsão é que o julgamento dure pelo menos duas semanas
Segundo a denúncia, Bruno armou a morte para não ter de reconhecer o filho que teve com Eliza Samudio nem pagar pensão alimentícia
Segundo o Ministério Público, oito acusados, sob ordens de Bruno, participaram do sequestro e desaparecimento da modelo, entre eles a mulher e uma namorada do goleiro. A Promotoria acusa o jogador, que atuava no Flamengo, de ter arquitetado o crime para não ter de reconhecer o filho que teve com Eliza nem pagar pensão alimentícia.
Conforme a denúncia, Eliza foi levada à força do Rio de Janeiro para um sítio do goleiro, em Esmeraldas (MG), onde foi mantida em cárcere privado. Depois, a vítima foi entregue para o ex-policial militar Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que a asfixiou e desapareceu com o corpo, nunca encontrado. Bruno e os demais acusados negam.
O bebê Bruninho, que foi achado com desconhecidos em Ribeirão das Neves (MG), hoje vive com a avó em Mato Grosso do Sul. Um exame de DNA comprovou a paternidade.
Do total de nove acusados, dois serão julgados separadamente – Elenílson Vitor da Silva e Wemerson Marques de Souza. Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno, foi morto a tiros em agosto. Outro suspeito, Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, foi absolvido.
Inquérito tem laudos que atestam sangue de Eliza no carro de Bruno, depoimentos que incriminam o goleiro, informações de celulares, multas de trânsito e conversas da vítima com amigos pela internet.
Investigações
A polícia encerrou o inquérito com base em laudos que atestam a presença de sangue de Eliza em um carro de Bruno, nos depoimentos de dois primos que incriminam o goleiro, em sinais de antena de celular e multas de trânsito que mostram a viagem do grupo do Rio de Janeiro até Minas Gerais e em conversas de Eliza com amigos pela internet, nas quais relata o medo que sentia.
Eliza também havia prestado queixa contra o atleta quando ainda estava grávida, dizendo que ele a forçou, armado, a tomar abortivos. Ela ainda deixou um vídeo dizendo que poderia aparecer morta se não tivesse proteção.
Apesar de os primos de Bruno terem alterado as versões, os depoimentos devem ser usados pela acusação no júri. Um deles, adolescente à época, já cumpriu medida socioeducativa por atos análogos a homicídio e sequestro. Ele foi o primeiro a delatar o goleiro, confessando ter ajudado Bruno a levar Eliza ao sítio. O jovem contou que a vítima foi entregue a Bola e que ele presenciou a morte. Dias depois, negou tudo.
O outro primo, Sérgio Rosa Sales, ajudou na reconstituição do crime, mas foi morto com seis tiros, em agosto deste ano. Ele também chegou a desmentir as acusações contra o goleiro, mas, em uma carta enviada por ele aos pais, incluída no inquérito, relatou ter sofrido ameaça de outros advogados para alterar o depoimento. À época, o advogado de Bruno, Francisco Simim, negou qualquer pressão.
30 testemunhas serão ouvidas – cinco de acusação e 25 da defesa.
Confronto de versões
Defesa e acusação devem apresentar seus argumentos para tentar convencer os jurados em mais de vinte horas de debates. Antes, serão ouvidas 30 testemunhas, seguidas pelo interrogatório dos réus, que têm o direito de permanecer em silêncio. Desde o início das investigações, em junho de 2010, todos negam o crime, mas, a cada troca de advogados, as declarações dos principais acusados mudaram.
Na primeira versão sobre o caso, ao ser questionado sobre a denúncia anônima afirmando que Eliza havia sido morta, o goleiro disse que ela deixou o filho com Macarrão, o amigo a quem chamou de "funcionário", e que não a via havia dois meses. Mais tarde, seria divulgada a tatuagem do amigo do goleiro: "Bruno e Maka. A amizade, nem mesmo a força do tempo irá destruir, amor verdadeiro".
Bruno e Macarrão acabaram condenados pela Justiça do Rio em outro processo por cárcere privado e sequestro de Eliza. Naquele julgamento, em novembro de 2010, o goleiro disse que havia mentido na primeira declaração a jornalistas e que encontrou Eliza no sítio. Em recurso, a Justiça do Rio reduziu a pena para 1 ano e 2 meses, e o caso foi extinto.
Em março deste ano, o novo advogado de Bruno, Rui Pimenta, afirmou que o goleiro admitiria no júri que Eliza está morta e que Macarrão teria tomado a decisão de matar a jovem. Reportagem da revista "Veja", em julho, afirmava que Bruno teria mandado uma carta para Macarrão usar o "plano B", que seria assumir a culpa sozinho. A defesa de Bruno confirmou a carta. A defesa de Macarrão nega esta versão, e a de Bola a classifica como "suicida".
O mesmo advogado agora afirma que Bruno vai negar a morte de Eliza. "É ficção", disse ao "Fantástico", no último dia 11 de novembro. (Assista no vídeo ao lado à reportagem do Fantástico sobre o julgamento)
De posse de todos os depoimentos e provas apresentadas no julgamento, os jurados devem se reunir em uma sala secreta para definir o veredicto para cada um dos réus. Se considerados inocentes, saem livres do fórum. Se culpados, as penas podem ultrapassar os 35 anos de prisão.
Pelo Código Penal brasileiro, ninguém permanece preso por mais de 30 anos. Com 2/5 de pena cumprida, por se tratar de crime hediondo, os réus podem pedir progressão para o regime semiaberto, que deve ser decidida pelo juiz com base no comportamento e antecedentes.








Comissão da Verdade Suruí vai colher depoimentos sobre a participação dos índios na Guerrilha do Araguaia


Agência Brasil - 18/11/2012 - 08h40

A Comissão Nacional da Verdade oficializou a criação de uma comissão indígena, da etnia Suruí, que atualmente vive na Terra Indígena Sororó, no sudeste do Pará, para colher relatos de torturas e desaparecimentos durante a Guerrilha do Araguaia, ocorrida no início da década de 1970.
Denominado de Comissão da Verdade Suruí, o grupo será composto por índios mais jovens da etnia que tomarão o depoimento dos mais velhos sobre torturas, agressões cometidas por militares durante as ações militares na região com objetivo de combater guerrilheiros. Os dados serão, em alguns casos, traduzidos para o português e repassados para a Comissão Nacional da Verdade, que fará a análise posteriormente.
Na última sexta-feira (16/11), a psicanalista Maria Rita Kehl, membro da Comissão Nacional da Verdade retomou o diálogo com os índios da Terra Indígena Sororó. Em outubro, integrantes da CNV estiveram no local para dar início a uma série de atividades no interior do Pará para averiguar questões relativas à Guerrilha do Araguaia.
A ideia é fazer uma análise, por exemplo, da atuação da etnia Suruí durante a guerrilha. Existem informações sobre a exploração de indígenas do grupo pelos militares e de sacríficos das vítimas. Há ainda relatos sobre a prisão, proibição de caça e tortura.
A Comissão Nacional da Verdade também formalizou ontem a criação de um grupo de trabalho que será responsável por fazer um relatório sobre o desrespeito aos direitos humanos dos índios e de camponeses durante a Guerrilha do Araguaia. De acordo com a Comissão da Verdade, 44 camponeses do interior do Pará foram indenizados e receberam o pedido de desculpas formais do Estado pela Comissão da Anistia por perseguições sofridas.
No último sábado (17/11), Maria Rita Kehl participou de audiência pública na Câmara de Vereadores de Marabá, para discutir as violações dos direitos de camponeses e indígenas pelo Exército durante a Guerrilha do Araguaia. Neste domingo (18/11), ela ouvirá o depoimento de ex-soldados que atuaram no conflito.

Em resposta a nota petista, PSDB elogia Supremo



    Mensagem tucana diz que o "julgamento do mensalão honra as instituições brasileiras e aponta na direção de um País mais igual"

Agência Estado
Em resposta às críticas públicas feitas na quarta-feira (14) pela Comissão Executiva Nacional do PT ao julgamento do mensalão , a direção do PSDB divulgou na quinta-feira (15) uma nota oficial em defesa do Supremo Tribunal Federal. O partido opositor ao governo federal disse saudar a maneira como os ministros da Corte conduziram o julgamento do mensalão, que condenou a antiga cúpula petista, inclusive o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
O texto dos tucanos, de 11 linhas, afirma que "o julgamento do mensalão honra as instituições brasileiras e aponta na direção de um País mais igual, no qual a impunidade não prevalece". "Como bem ressaltou ontem (anteontem) o ministro Carlos Ayres Britto em sua despedida da presidência da Suprema Corte , (o trabalho do STF) está mudando a cultura do País, à luz da Constituição, garantindo que a lei seja aplicada a todos, mesmo que sejam ricos ou poderosos."
O documento, assinado pelo presidente nacional do partido, deputado Sérgio Guerra (PE), diz que o PSDB reconhece e apoia o papel do STF: "Estaremos sempre ao lado daqueles que querem um Brasil mais transparente e sem privilégios". O texto afirma ainda que o Supremo "vem cumprindo o seu papel e tem contribuído enormemente para o fortalecimento das nossas instituições e da democracia no Brasil".
A nota da executiva do PT divulgada na quarta-feira (14) sustenta que a Corte fez política e "desrespeitou garantias constitucionais" para tentar criminalizar o partido durante o julgamento. De acordo com o texto dos petistas, o STF "deu estatuto legal a uma teoria nascida na Alemanha nazista, em 1939, atualizada em 1963 em plena Guerra Fria e considerada superada por diversos juristas".
O PT sustenta ainda que o Supremo "instaurou um clima de insegurança jurídica" no País e que os ministros da Corte agiram sob "intensa pressão da mídia conservadora" e por ela se deixaram contaminar.
As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Dramas de familiares de vítimas retratam crise de segurança em São Paulo


Em meio à onda de violência, testemunhas e pessoas que estavam no lugar errado na hora errado engrossam lista de mortos; 'Os filhos da gente estão morrendo', diz pai de vítima


BBC
O aposentado J. viu um grupo de homens mascarados em um carro descendo a rua em direção à padaria onde seu filho de 18 anos comia pizza com os amigos em Guarulhos, na Grande São Paulo. Segundos depois ouviu tiros e, ao correr para o local, achou o rapaz e três de seus colegas baleados.
"Encontrei meu filho caído no chão, atingido na barriga e no tórax. Estava com os olhos abertos, mas não deu para conversarmos porque ele não conseguia respirar", disse J.
O crime aconteceu na noite de domingo. O filho dele, Ezequiel Cruz, foi levado para o hospital, mas morreu. Dois dos quatro amigos baleados sobreviveram. Os homens mascarados ainda teriam promovido um segundo ataque semelhante em outro bairro de Guarulhos na mesma noite.
Cruz foi uma das cerca de 260 pessoas assassinadas nos últimos 40 dias em um pico de violência que se alastrou pela capital e pela região metropolitana de São Paulo. As mortes teriam tido início em um conflito entre membros da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) e a Polícia Militar. Desde o início do ano, 92 policiais também foram assassinados.
Futura Press
Policial militar é visto em local em que outro foi baleado em posto de gasolina, na esquina das avenidas Dona Belmira Marin e Carlos Benjamin dos Santos, na região do Grajaú, zona sul de São Paulo (arquivo)
Porém, entre as vítimas, não estão apenas criminosos e policiais. Testemunhas e pessoas que estavam no lugar errado e na hora errada têm engrossado essa estatística mórbida. "Meu filho não era criminoso, trabalhava em um supermercado na Vila Maria (um bairro da zona norte de São Paulo). Todos falavam para que nós não saíssemos de casa depois das 22h, mas não pensei que aconteceria com a gente", disse J à BBC Brasil.
"Os filhos da gente estão morrendo e não vejo solução nenhuma do governo. Meu filho não era bandido, estava começando a viver", disse, também sob anonimato, o pai de Thiago Oliveira, de 22 anos, que morreu junto com Cruz.
No Instituto Médico Legal, onde se reuniam na segunda-feira parentes de Cruz e de outros cinco rapazes mortos nos dois ataques, circulavam rumores sobre uma suposta participação de policiais militares não fardados nas execuções. Parte desses boatos era influenciada por um outro caso, o assassinato do servente Paulo Batista do Nascimento, no sábado.
Um cinegrafista amador flagrou o momento em que Nascimento teria sido preso, arrastado para fora de uma casa e depois supostamente executado por cinco policiais militares uniformizados, dentro do porta-malas de um carro da polícia. As imagens mostram a vítima dominada, um policial de arma em punho e o som dos tiros.
A gravação e a posterior prisão dos policiais envolvidos vinha sendo exibida à exaustão pelas emissoras de TV na mesma ocasião das mortes em Guarulhos.
Vinganças
"Neste momento, está ocorrendo uma situação de revanche em São Paulo. A polícia está matando e os criminosos também. É uma guerra a que estamos assistindo todos os dias pela TV", disse Marcos Fuchs, diretor da ONG Conectas Direitos Humanos. "E quem sofre com tudo isso é a população", afirmou.
Segundo analistas e membros do Ministério Público ouvidos pela BBC Brasil, a origem do pico de violência vivenciado por São Paulo é uma ação mais dura da Polícia Militar. Membros do PCC teriam sido assassinados em ações de força e até em operações supostamente organizadas como emboscadas letais pela PM - especialmente por sua controversa unidade de elite Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar).
Para se ter ideia, o índice de letalidade dessa unidade cresceu quase 25% só neste ano. Foram 77 casos entre janeiro e setembro de 2012 contra 62 no mesmo período de 2011. A cúpula da facção criminosa - que cumpre penas em presídios de segurança máxima de São Paulo e controla a facção por meio de telefones celulares e recados passados por visitas - teria então ordenado a seus comparsas em liberdade que atacassem policiais em retaliação a tais ações.
Haveria indícios ainda, segundo promotores públicos, de que policiais militares tenham se organizado em grupos de extermínio para agir sem fardas para não prejudicar a imagem da PM. Esses grupos estariam realizando ações para matar indiscriminadamente criminosos, usuários de drogas e pessoas que frequentam os mesmos ambientes que os criminosos - em um ciclo de retaliação às mortes de colegas.
Em ao menos uma das chacinas deste ano, que deixou seis mortos em julho no município de Osasco, a Polícia Civil tem fortes indícios da participação de ao menos um ex-policial militar. Porém, a investigação ainda não foi concluída pois depende de laudos técnicos ainda em produção.
Já as investigações sobre o assassinato de Nascimento, flagrado pelo cinegrafista, continuam após a decretação da prisão provisória de cinco policiais envolvidos no caso na quarta-feira.
Comando da PM
Para o comandante da PM, Roberval França, "o movimento atípico de mortes em São Paulo que surgiu nos últimos três meses" é motivado por disputas de quadrilhas por pontos de venda de drogas e cobrança de dívidas.
Segundo ele, as opiniões de analistas e promotores são "especulações, hipóteses ou boatos". "Não temos ainda dados conclusivos que apontem para a participação efetiva de policiais. Então, é necessário que as investigações caminhem", disse.
Para França, os ataques contra policiais deste ano são uma reação do crime organizado às ações de combate ao narcotráfico feitas pela polícia. "Tivemos neste ano três policiais mortos em serviço e um número muito grande de policiais mortos fora de serviço. Os criminosos adotaram como estrategia buscar atingir policiais fora do horário de serviço quando estão mais vulneráveis", disse.