sábado, 7 de setembro de 2013

Arcebispo Mamberti: não há solução militar para conflito na Síria, com a violência nenhum vencedor, mas só derrotados


Cidade do Vaticano (RV) - A diplomacia vaticana encontra-se a todo o vapor para cessar a guerra na Síria e evitar uma intervenção armada externa, o que alargaria o conflito e agravaria os sofrimentos da população envolvida.
Nesse sentido, todos os embaixadores junto à Santa Sé foram convocados a um encontro nesta quinta-feira no Vaticano para um colóquio com o Secretário das Relações com os Estados, Dom Dominique Mamberti.
Na vigília do Dia de oração e jejum pela paz convocado pelo Papa, a Rádio Vaticano entrevistou o arcebispo sobre o encontro com os referidos diplomatas:
Dom Dominique Mamberti:- "Este encontro foi outra expressão da solicitude do Santo Padre e da Santa Sé pela paz no mundo e, em particular, naturalmente, acerca da situação na Síria, na esteira do comovente pronunciamento do Papa no Angelus de domingo passado. O longo conflito sírio já provocou por demais vítimas e sofrimentos e a situação humanitária adquiriu dimensões verdadeiramente intoleráveis. E é por isso que se tornou mais do que nunca necessário o Dia de jejum e oração convocado por Francisco, inclusive para recordar a todos que a paz, em primeiro lugar, é um dom de Deus, e que esse dom deve ser pedido e acolhido com coração humilde e aberto. Para além da oração, junto à oração, se faz necessário um renovado esforço diplomático, conforme o lugar que a Santa Sé ocupa na comunidade internacional. E nesse encontro com os embaixadores reiterei o que o Santo Padre exortou, ou seja, o apelo às partes a não se fechar em seus interesses, mas a deixar de lado a violência e tomar com coragem o caminho do encontro e da negociação. Pedimos à comunidade internacional que fizesse todo esforço para promover, sem mais tardar, iniciativas claras em favor da paz, sempre baseadas no diálogo e na negociação. É óbvio que não há uma solução militar para o conflito: se a violência continua, não se terá vencedores, mas somente derrotados, como dizia o Papa Bento XVI no discurso ao Corpo diplomático."
RV: Há muita apreensão pela população civil envolvida no conflito: neste âmbito, qual é a situação dos cristãos na Síria?
Dom Dominique Mamberti:- "Obviamente, a situação é muito difícil para todas as comunidades na Síria, no sentido que a violência não poupa ninguém. Todavia, sendo a comunidade cristãuma minoria no país, é particularmente vulnerável e são muitos os cristãos que tiveram que abandonar as suas casas. Muitos deles deixaram o país. Os cristãos são vítimas da violência cega: gostaria de recordar o assassinato de Pe. François Mourad e o seqüestro de numerosos cristãos, entre eles dois bispos ortodoxos e alguns sacerdotes católicos, dos quais não se têm notícias. Ademais, muitas igrejas e instituições cristãs sofreram destruições e grandes danos. Porém, os cristãos não podem e não devem perder a esperança: eles estão presentes na Síria desde o início da difusão do cristianismo e querem continuar fazendo parte do conjunto social, político e cultural do país e contribuir para o bem comum das comunidades das quais fazem parte plenamente, sendo artífices de paz e reconciliação e carregando com eles aqueles valores que podem fazer a sociedade evoluir rumo a um maior respeito pelos direitos e dignidade das pessoas. Além disso, gostaria de ressaltar, a Igreja Católica, bem como as outras Igrejas e comunidades cristãs, está engajada na linha de frente com todos os meios de que dispõe na assistência humanitária à população cristã e não-cristã." (RL)

Presidente da CNBB orienta como viver bem o dia de oração pela Paz


Kelen Galvan
Da Redação


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Cardeal Raymundo Damasceno, Presidente da CNBB, fala sobre dia de oração e jejum pela paz
Em resposta ao convite do Papa Francisco, neste sábado, 7, cristãos, católicos ou não, e pessoas de outras religiões se unem em oração pela Paz na Síria e no mundo.

De um modo geral, o Papa Francisco pediu a todos os "homens de boa vontade" que este dia de oração e jejum seja dedicado a pedir a Deus, por intercessão de Nossa Senhora, Rainha da Paz, a paz para o mundo inteiro, explica o Cardeal Raymundo Damasceno de Assis, presidente da ConferênciaNacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e Arcebispo de Aparecida (SP).

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.: Ouça: Cardeal fala sobre importância da Síria para os cristãos e esforços do Papa pela paz

.: Vigília com o Papa será transmitida ao vivo, às 14h, pela TV Canção Nova

Em entrevista ao noticias.cancaonova.com, o cardeal disse que a própria CNBB enviou à todas as dioceses e arquidioceses esse pedido do Santo Padre, dando liberdade para que cada paróquia se organizasse de acordo com sua realidade local.

O dia foi escolhido pelo Papa por anteceder a festa da natividade de Nossa Senhora, celebrada neste domingo, 8. De modo particular, o Brasil celebra também neste sábado, o Dia da Pátria, ocasião em que muitos assistem os tradicionais desfiles ou aproveitam para viajar, outros ainda cumprem escalas de trabalho.

Mesmo assim, Dom Damasceno afirma que, para estar em sintonia com o Papa Francisco, não é necessário estar num "lugar exclusivo" para a oração. "As pessoas podem rezar em qualquer parte onde se encontram, com uma oração breve, como o terço ou uma pequena jaculatória pedindo pela paz no mundo", explicou.

O cardeal dá ainda outras sugestões, como forma de estar unido ao Papa: "Todos podem fazer um pequeno sacrifício, renunciando alguma coisa, ou dando alguma esmola, fazendo uma visita a um doente, a um hospital ou a uma penitenciária, visitando alguém doente numa casa, em uma família... Tudo isso como forma de sacrifício ou boas obras a serem oferecidas a Deus nesta intenção".

"A paz é sobretudo obra de Deus, da ação do Espírito Santo, mas também fruto do esforço e do trabalho das pessoas", destacou Dom Damasceno.