terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Papa fala pela primeira vez sobre pedofilia: 'Tolerância zero'


Francisco exige determinação da Igreja em relação aos casos de abusos

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Papa Francisco deixa a Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma
Papa Francisco deixa a Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma - Alessandro Bianchi/Reuters
papa Francisco exigiu nesta sexta-feira que a Igreja Católica "atue com determinação" diante dos abusos sexuais cometidos por religiosos, ao receber, no Vaticano, os membros da Congregação para a Doutrina da Fé, encarregada de tais denúncias. É a primeira vez que o pontífice latino-americano se pronuncia sobre as milhares de denúncias em todo o mundo contra padres pedófilos.
"O Santo Padre recomendou, em particular, o prosseguimento da linha de seu antecessor Bento XVI de agir com determinação nos casos de abusos sexuais", afirmou em um comunicado o Vaticano. O papa prometeu que manterá a política de tolerância zero contra a pedofilia, comoBento XVI, e convidou a hierarquia da Igreja a promover "acima de tudo medidas de proteção dos menores", segundo a nota divulgada pelo gabinete de imprensa da Santa Sé.
Francisco também pediu para que "todos aqueles que foram vítimas de violência no passado sejam ajudados" e que os devidos procedimentos contra os culpados sejam impulsionados. Também convidou as conferências episcopais de todos os países a "formular e cumprir" as diretrizes estabelecidas e disse que reza de modo particular pelo sofrimento das vítimas de abusos.
Autoridades do Vaticano disseram que Francisco, em uma reunião com o chefe de doutrina da Santa Sé, arcebispo Gerhard Muller, afirmou que combater o abuso sexual é importante "para a Igreja e sua credibilidade". Francisco, eleito no dia 13 de março para substituir Bento XVI após sua renúncia, herdou uma Igreja manchada por problemas e envolvida num grande escândalo de abusos sexuais de crianças cometidos por padres.
Escândalo - Em 5 de fevereiro, a Congregação para a Doutrina da Fé informou que nos últimos três anos chegaram ao Vaticano 1.800 denúncias de casos de abusos sexuais a menores por parte de clérigos e que a maioria deles ocorreram entre 1965 e 1985.
O maior número de denúncias aconteceu em 2004, quando chegaram 800 ao dicastério vaticano, encarregado desse tipo de crime e que enviou em 2011 a todas as Conferências Episcopais um guia para enfrentar, de maneira "coordenada e eficaz", os casos de padres pedófilos. Foi dado um prazo de um ano às conferências para adotarem as diretrizes em matéria de luta contra a pedofilia, que envolvem colaborar com a justiça civil.
 
O escândalo dos sacerdotes que abusaram de crianças e adolescentes explodiu primeiro nosEstados Unidos no início dos anos 2000. Depois afetou as Igrejas de vários países da Europa, sobretudo da Irlanda, onde foram registrados milhares de casos de abusos. A maior parte dos casos data das últimas décadas, mas outro crime ainda viria se somar ao cometido pelos sacerdotes: o silêncio que cobria os atos. Alguns padres eram transferidos ou protegidos pelos prelados.
 
A Igreja da América Latina também conheceu uma série de escândalos. O mais conhecido foi o do fundador mexicano do movimento conservador dos Legionários de Cristo, Marcial Maciel, também culpado de abusos sexuais. O papa Bento XVI pediu perdão em várias ocasiões em nome da Igreja às vítimas e impulsionou a tolerância zero.
 
(Com agências EFE e France-Presse)