domingo, 31 de agosto de 2014

Evangelho Mateus 16,21-27

Domingo, dia 31 de Agosto de 2014

22º Domingo do Tempo Comum - Ano A
XXII Domingo Comum (semana II do saltério)

São Raimundo Nonato, presbítero, +1240

Comentário do dia
Imitação de Cristo: «Tome a sua cruz e siga-Me.»

Jer. 20,7-9.

Vós me seduziste, Senhor, e eu me deixei seduzir! Tu me dominaste e venceste. Sou objecto de contínua irrisão, e todos escarnecem de mim.
Todas as vezes que falo é para proclamar: «Violência! Opressão!» A palavra do Senhor tornou-se para mim motivo de insultos e escárnios, dia após dia.
A mim mesmo dizia: «Não pensarei nele mais! Não falarei mais em seu nome!» Mas, no meu coração, a sua palavra era um fogo devorador, encerrado nos meus ossos. Esforçava-me por contê-lo, mas não podia.

Romanos 12,1-2.

Por isso, vos exorto, irmãos, pela misericórdia de Deus, a que ofereçais os vossos corpos como sacrifício vivo, santo, agradável a Deus. Seja este o vosso verdadeiro culto, o espiritual.
Não vos acomodeis a este mundo. Pelo contrário, deixai-vos transformar, adquirindo uma nova mentalidade, para poderdes discernir qual é a vontade de Deus: o que é bom, o que lhe é agradável, o que é perfeito. Ao serviço da comunidade

Mateus 16,21-27.

A partir desse momento, Jesus Cristo começou a fazer ver aos seus discípulos que tinha de ir a Jerusalém e sofrer muito, da parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos doutores da Lei, ser morto e, ao terceiro dia, ressuscitar.
Tomando-o de parte, Pedro começou a repreendê-lo, dizendo: «Deus te livre, Senhor! Isso nunca te há-de acontecer!»
Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: «Afasta-te, Satanás! Tu és para mim um estorvo, porque os teus pensamentos não são os de Deus, mas os dos homens!»
Jesus disse, então, aos discípulos: «Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.
Quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perder a sua vida por minha causa, há-de encontrá-la.
Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua vida? Ou que poderá dar o homem em troca da sua vida?
Porque o Filho do Homem há-de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um conforme o seu procedimento.


Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org



Comentário do dia:

Imitação de Cristo, tratado espiritual do século XV, Livraria Moraes, 1959
Livro II, cap. 12

«Tome a sua cruz e siga-Me.»

Se levas a cruz de boa vontade, ela te levará e conduzirá ao fim desejado, onde será o fim do sofrimento; mas não será neste mundo. Se a levas de má vontade, fazes dela um fardo e ainda mais te pesará; e, contudo, terás de a suportar. Se foges a uma cruz, encontrarás sem dúvida outra, e talvez ainda mais pesada.

Julgas fugir àquilo de que nenhum dos mortais se pode livrar? Qual dos santos viveu neste mundo sem cruz e sem tribulação? Nem mesmo Jesus Cristo, Nosso Senhor, passou uma só hora sem a dor da Paixão enquanto viveu. «Era necessário que Cristo sofresse a ressuscitasse dos mortos, e que assim entrasse na sua glória» (Lc 24, 46ss). E como procuras tu outro, além desse régio caminho que é o da santa cruz? […]

Contudo, esse que é afligido de tanta maneira não está sem o alívio da consolação, porque sente crescer em si o maior fruto pelo sofrimento da sua cruz. Assim, enquanto a ela se submete de livre vontade, todo o peso da tribulação se converte em confiança de consolação divina. […] Isto não é virtude do homem, mas graça de Cristo, que pode tais coisas e age na frágil carne de tal modo, que tudo aquilo a que ela naturalmente sempre foge e que aborrece é empreendido e amado por este fervor do espírito.

Não é próprio do homem levar a cruz, amar a cruz […]. Se olhas só para ti, nada disto conseguirás. Mas, se confias no Senhor, ser-te-á dada a força do céu, e ao teu mando se submeterão o mundo e a carne. E nem temerás o inimigo, se estiveres armado de fé e marcado com a Cruz de Cristo.

sábado, 30 de agosto de 2014

Evangelho Mateus 25,14-30.

Sabado, dia 30 de Agosto de 2014

Sábado da 21ª semana do Tempo Comum

Santa Joana Jugan, religiosa, +1879, Santa Tecla, virgem, mártir, séc. I, Beato Eustáquio van Lieshout, presbítero, +1943

Comentário do dia
Concílio Vaticano II: «Confiaste-me cinco talentos; aqui estão outros cinco que eu ganhei»

1 Cor. 1,26-31.

Irmãos: Considerai, pois, a vossa vocação: humanamente falando, não há entre vós muitos sábios, nem muitos poderosos, nem muitos nobres.
Mas o que há de louco no mundo é que Deus escolheu para confundir os sábios; e o que há de fraco no mundo é que Deus escolheu para confundir o que é forte.
O que o mundo considera vil e desprezível é que Deus escolheu; escolheu os que nada são, para reduzir a nada aqueles que são alguma coisa.
Assim, ninguém se pode vangloriar diante de Deus.
É por Ele que vós estais em Cristo Jesus, que se tornou para nós sabedoria que vem de Deus, justiça, santificação e redenção,
a fim de que, como diz a Escritura, aquele que se gloria, glorie-se no Senhor.

Mateus 25,14-30.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos a seguinte parábola: «Um homem que, ao partir para fora, chamou os servos e confiou-lhes os seus bens.
A um deu cinco talentos, a outro dois e a outro um, a cada qual conforme a sua capacidade; e depois partiu.
Aquele que recebeu cinco talentos negociou com eles e ganhou outros cinco.
Da mesma forma, aquele que recebeu dois ganhou outros dois.
Mas aquele que apenas recebeu um foi fazer um buraco na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor.
Passado muito tempo, voltou o senhor daqueles servos e pediu-lhes contas.
Aquele que tinha recebido cinco talentos aproximou-se e entregou-lhe outros cinco, dizendo: 'Senhor, confiaste-me cinco talentos; aqui estão outros cinco que eu ganhei.’
O senhor disse-lhe: 'Muito bem, servo bom e fiel, foste fiel em coisas de pouca monta, muito te confiarei. Entra no gozo do teu senhor.’
Veio, em seguida, o que tinha recebido dois talentos: 'Senhor, disse ele, confiaste-me dois talentos; aqui estão outros dois que eu ganhei.’
O senhor disse-lhe: 'Muito bem, servo bom e fiel, foste fiel em coisas de pouca monta, muito te confiarei. Entra no gozo do teu senhor.’
Veio, finalmente, o que tinha recebido um só talento: 'Senhor, disse ele, sempre te conheci como homem duro, que ceifas onde não semeaste e recolhes onde não espalhaste.
Por isso, com medo, fui esconder o teu talento na terra. Aqui está o que te pertence.’
O senhor respondeu-lhe: 'Servo mau e preguiçoso! Sabias que eu ceifo onde não semeei e recolho onde não espalhei.
Pois bem, devias ter levado o meu dinheiro aos banqueiros e, no meu regresso, teria levantado o meu dinheiro com juros.’
Tirai-lhe, pois, o talento, e dai-o ao que tem dez talentos.
Porque ao que tem será dado e terá em abundância; mas, ao que não tem, até o que tem lhe será tirado.
A esse servo inútil, lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.’»


Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org



Comentário do dia:

Concílio Vaticano II
Constituição dogmática sobre a Igreja no mundo actual «Gaudium et spes», §§ 33-35

«Confiaste-me cinco talentos; aqui estão outros cinco que eu ganhei»

Sempre o homem procurou, com o seu trabalho e engenho, desenvolver mais a própria vida. […] Muitas são as questões que se levantam entre os homens, perante este imenso empreendimento, que já atingiu todo o género humano. Qual o sentido e valor desta actividade? Como se devem usar estes bens? […]


Uma coisa é certa para os crentes: a actividade humana individual e colectiva, aquele imenso esforço com que os homens, no decurso dos séculos, tentaram melhorar as suas condições de vida, corresponde à vontade de Deus. Pois o homem, criado à imagem de Deus, recebeu o mandamento de dominar a terra com tudo o que ela contém (Gn 1,26ss), de governar o mundo na justiça e na santidade e, reconhecendo Deus como Criador universal, de se orientar a si e ao universo para Ele; de maneira que, estando todas as coisas sujeitas ao homem, seja glorificado em toda a terra o nome de Deus. Isto aplica-se também às actividades de todos os dias. […]


Mas quanto mais aumenta o poder dos homens, tanto mais cresce a sua responsabilidade, pessoal e comunitária. Vê-se, portanto, que a mensagem cristã não afasta os homens da tarefa de construir o mundo, nem os leva a desatender o bem dos seus semelhantes, mas que, antes, os obriga ainda mais a realizar essas actividades. A actividade humana, do mesmo modo que procede do homem, assim para ele se ordena. De facto, quando age, o homem não transforma apenas as coisas e a sociedade, mas realiza-se a si mesmo. […] O homem vale mais por aquilo que é do que por aquilo que tem. Do mesmo modo, tudo o que o homem faz para conseguir mais justiça, mais fraternidade, uma organização mais humana das relações sociais, vale mais do que os progressos técnicos.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Evangelho Marcos 6,17-29.

Sexta-feira, dia 29 de Agosto de 2014

Martírio de S. João Baptista – Memória Obrigatória
Martírio de S. João Baptista

Comentário do dia
São Beda: Precursor na morte como na vida

Jer. 1,17-19.

Naqueles dias, o Senhor dirigiu-me a palavra dizendo: «Tu, porém, cinge os teus rins, levanta-te e diz-lhes tudo o que Eu te ordenar. Não temas diante deles; se não, serei Eu a fazer-te temer na sua presença.
E eis que hoje te estabeleço como cidade fortificada, como coluna de ferro e muralha de bronze, diante de todo este país, dos reis de Judá e de seus chefes, dos sacerdotes e do povo da terra.
Far-te-ão guerra, mas não hão-de vencer, porque Eu estou contigo para te salvar» – oráculo do Senhor.

Marcos 6,17-29.

Naquele tempo, o rei Herodes  mandara prender João e pô-lo a ferros na prisão, por causa de Herodíade, mulher de Filipe, seu irmão, que ele desposara.
Porque João dizia a Herodes: «Não te é lícito ter contigo a mulher do teu irmão.»
Herodíade tinha-lhe rancor e queria dar-lhe a morte, mas não podia,
porque Herodes temia João e, sabendo que era homem justo e santo, protegia-o; quando o ouvia, ficava muito perplexo, mas escutava-o com agrado.
Mas chegou o dia oportuno, quando Herodes, pelo seu aniversário, ofereceu um banquete aos grandes da corte, aos oficiais e aos principais da Galileia.
Tendo entrado e dançado, a filha de Herodíade agradou a Herodes e aos convidados. O rei disse à jovem: «Pede-me o que quiseres e eu to darei.»
E acrescentou, jurando: «Dar-te-ei tudo o que me pedires, nem que seja metade do meu reino.»
Ela saiu e perguntou à mãe: «Que hei-de pedir?» A mãe respondeu: «A cabeça de João Baptista.»
Voltando a entrar apressadamente, fez o seu pedido ao rei, dizendo: «Quero que me dês imediatamente, num prato, a cabeça de João Baptista.»
O rei ficou desolado; mas, por causa do juramento e dos convidados, não quis recusar.
Sem demora, mandou um guarda com a ordem de trazer a cabeça de João. O guarda foi e decapitou-o na prisão;
depois, trouxe a cabeça num prato e entregou-a à jovem, que a deu à mãe.
Tendo conhecimento disto, os discípulos de João foram buscar o seu corpo e depositaram-no num sepulcro.


Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org



Comentário do dia:

São Beda, o Venerável (c. 673-735), monge beneditino, doutor da Igreja
Hino para o Martírio de São João Baptista

Precursor na morte como na vida

Ilustre precursor da graça e mensageiro da verdade,

João Baptista, estandarte de Cristo,

Tornou-se o evangelista da Luz eterna.

O profético testemunho que nunca deixou de dar

No que dizia e no que fazia, durante toda a vida,

Dá-o hoje com o seu sangue e o seu martírio.

Em tudo precedeu o Mestre: ao nascer,

Anunciou ao mundo a Sua vinda. Ao baptizar

Os penitentes no Jordão, prefigurou

Aquele que vinha instituir o Seu baptismo.

E a morte de Cristo Redentor, seu Salvador,

Que restituiu a vida ao mundo, João Baptista

Sofreu-a também por antecipação,

Derramando o seu sangue por amor dele.


Um tirano cruel resolveu afastá-lo e pô-lo a ferros na prisão.

Mas as correntes não conseguem prender

Os que em Cristo abrem o coração livre ao Reino.

Como poderia a obscuridade e a tortura dum cárcere sombrio

Prevalecer sobre aquele que vê a glória do Senhor

E que dele recebe os dons do Espírito?

E de bom grado ofereceu o pescoço ao gládio do carrasco,

Pois como poderia perder a cabeça

Aquele que tem a Cristo por Cabeça?


Ao partir deste mundo, cumpre hoje o seu papel de precursor

Aquele que o fora toda a vida. Aquele

Que havia de vir e já chegara, hoje a sua morte O proclama,

Pois como poderia a mansão dos mortos reter este mensageiro que lhe escapa?

Os justos, os profetas e os mártires rejubilam com ele

Ao encontro do Senhor, e todos dele se aproximam,

Louvando-o com todo o amor. Com ele se dirigem a Cristo,

Suplicando-lhe que salve também os seus.


Magno precursor do Redentor, não tardará

Aquele que para sempre te libertou da morte!

Conduzido pelo teu Senhor,

Entra, na companhia dos santos, na glória eterna!

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Evangelho Mateus 22,34-40.

Sexta-feira, dia 22 de Agosto de 2014

Sexta-feira da 20ª semana do Tempo Comum
Nossa Senhora Rainha

Comentário do dia
São Francisco de Assis : «Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração»

Ezeq. 37,1-14.

Naqueles dias, a mão do Senhor desceu sobre mim; então, conduziu-me em espírito e colocou-me no meio de um vale que estava cheio de ossos.
Fez-me passar junto deles, à sua volta, e eis que eles eram muitos sobre o solo do vale; e estavam completamente ressequidos.
O Senhor disse-me: "Filho de homem, estes ossos poderão voltar à vida?" Eu respondi: "Senhor DEUS, só Tu o sabes."
Ele disse-me: "Profetiza sobre estes ossos e diz-lhes: Ossos ressequidos, ouvi a palavra do SENHOR.
Assim fala o Senhor DEUS a estes ossos: Eis que vou introduzir em vós o sopro da vida para que revivais.
Dar-vos-ei nervos, farei crescer a carne que revestirei de pele e depois dar-vos-ei o sopro da vida, para que revivais. Sabereis assim, que Eu sou o SENHOR."
Profetizei, segundo a ordem recebida. E aconteceu que, enquanto eu profetizava, ouviu-se um ruído, depois um tumulto ensurdecedor; entretanto, os ossos iam-se juntando uns aos outros.
Olhei e eis que se formavam nervos, a carne crescia, e a pele cobria-os por cima; mas neles não havia espírito.
Então, Ele disse-me: "Profetiza! Profetiza, filho de homem, e diz ao espírito: Assim fala o Senhor DEUS: 'Espírito, vem dos quatro ventos, sopra sobre estes mortos, para que eles recuperem a vida'."
Profetizei como me era ordenado e, imediatamente, o espírito penetrou neles. Retomando a vida, endireitaram-se sobre os pés; era um exército muito numeroso.
Ele disse-me: "Filho de homem, esses ossos são toda a casa de Israel. Eles dizem: 'Os nossos ossos estão completamente ressequidos, a nossa esperança desvaneceu-se; ficámos reduzidos a isto.'
Profetiza, por conseguinte, e diz-lhes: Assim fala o Senhor DEUS: Eis que abrirei as vossas sepulturas e vos farei sair delas, meu povo, e vos reconduzirei à terra de Israel.
Então, reconhecereis que Eu sou o Senhor DEUS, quando abrir as vossas sepulturas e vos fizer sair delas, ó meu povo.
Introduzirei em vós o meu espírito e vivereis; estabelecer-vos-ei na vossa terra. Então, reconhecereis que Eu, o SENHOR, falei e agi" -oráculo do SENHOR.

Mateus 22,34-40.

Naquele tempo, os fariseus ouvindo dizer que Jesus reduzira os saduceus ao silêncio, reuniram-se em grupo.
E um deles, que era legista, perguntou-lhe para o embaraçar:
«Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?»
Jesus disse lhe: Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente.
Este é o maior e o primeiro mandamento.
O segundo é semelhante: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.
Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.»


Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org



Comentário do dia:

São Francisco de Assis (1182-1226), fundador da Ordem dos Frades Menores
Primeira regra, § 23

«Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração»

Amemos todos o Senhor nosso Deus com todo o nosso coração, com toda a nossa alma, com todo o nosso espírito, com todo o nosso poder e coragem, com toda a nossa inteligência, com todas as forças, com todo o nosso esforço, com todo o nosso afecto, com as nossas entranhas, com todo o nosso desejo, com toda a nossa vontade. Ele deu-nos e continua a dar-nos o corpo, a alma e a vida; Ele criou-nos e resgatou-nos; salvar-nos-á apenas por sua misericórdia; apesar das nossas fraquezas e das nossas misérias, das nossas vilanias e das nossas vergonhas, das nossas ingratidões e da nossa maldade, Ele só nos fez e faz o bem.


Não tenhamos portanto outro desejo, nem outra vontade, outro prazer e outra alegria que não seja o nosso Criador, Redentor e Salvador, o único verdadeiro Deus que é o bem pleno, inteiro, total, verdadeiro e soberano; o único que é bom, misericordioso e amável, indulgente e manso; só Ele é santo, justo, verdadeiro e recto; só Ele é benevolente, inocente e puro; dele, por Ele e nele reside todo o perdão, toda a graça e toda a glória para todos os penitentes e justos da terra e para todos os bem-aventurados que rejubilam com Ele no céu.


Portanto, a partir de agora, já não haja obstáculos, nem barreiras, nem filtros! Em todos os lados e lugares, a todas as horas e em todos os tempos, todos os dias e sem interrupção, creiamos todos com uma fé humilde e verdadeira, preservemo-la no nosso coração, saibamos amar, honrar, adorar, servir, louvar e bendizer, glorificar e celebrar, enaltecer e agradecer ao altíssimo soberano Deus eterno, Trindade e unidade, Pai, Filho e Espírito Santo.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Evangelho Mateus 22,1-14.

Quinta-feira, dia 21 de Agosto de 2014

Quinta-feira da 20ª semana do Tempo Comum

S. Pio X, papa, +1914

Comentário do dia
Jean Tauler : «Vinde às bodas»

Ezeq. 36,23-28.

Eis o que diz o Senhor: «Quero santificar o meu santo nome, que vós aviltastes, profanastes entre as nações, para que eles saibam que Eu sou o Senhor - oráculo do Senhor Deus - quando a seus olhos for santificado por vós.
Eu vos retirarei de entre as nações, recolher-vos-ei de todos os países e vos reconduzirei à vossa terra.
Derramarei sobre vós uma água pura e sereis purificados; Eu vos purificarei de todas as manchas e de todos os pecados.
Dar-vos-ei um coração novo e introduzirei em vós um espírito novo: arrancarei do vosso peito o coração de pedra e vos darei um coração de carne.
Dentro de vós porei o meu espírito, fazendo com que sigais as minhas leis e obedeçais e pratiqueis os meus preceitos.
Habitareis no país que dei a vossos pais; sereis o meu povo e Eu serei o vosso Deus.

Mateus 22,1-14.

Naquele tempo, Jesus dirigiu-Se de novo aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo e, falando em parábolas, disse-lhes:
«O Reino do Céu é comparável a um rei que preparou um banquete nupcial para o seu filho.
Mandou os servos chamar os convidados para as bodas, mas eles não quiseram comparecer.
De novo mandou outros servos, ordenando-lhes: 'Dizei aos convidados: O meu banquete está pronto; abateram-se os meus bois e as minhas reses gordas; tudo está preparado. Vinde às bodas.’
Mas eles, sem se importarem, foram um para o seu campo, outro para o seu negócio.
Os restantes, apoderando-se dos servos, maltrataram-nos e mataram-nos.
O rei ficou irado e enviou as suas tropas, que exterminaram aqueles assassinos e incendiaram a sua cidade.
Disse, depois, aos servos: 'O banquete das núpcias está pronto, mas os convidados não eram dignos.
Ide, pois, às saídas dos caminhos e convidai para as bodas todos quantos encontrardes.’
Os servos, saindo pelos caminhos, reuniram todos aqueles que encontraram, maus e bons, e a sala do banquete encheu-se de convidados.
Quando o rei entrou para ver os convidados, viu um homem que não trazia o traje nupcial.
E disse-lhe: 'Amigo, como entraste aqui sem o traje nupcial?’ Mas ele emudeceu.
O rei disse, então, aos servos: 'Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.’
Porque muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos.»


Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org



Comentário do dia:

Jean Tauler (c. 1300-1361), dominicano de Estrasburgo
Sermão 74, em louvor de Santa Córdula

«Vinde às bodas»

«Dizei aos convidados: “O meu banquete está pronto. […] Tudo está preparado. Vinde às bodas”». Mas os convidados esquivaram-se: um foi «para o seu campo, outro para o seu negócio». […] Esta incrível azáfama, esta agitação contínua, reviram o mundo e são, infelizmente, por demais evidentes em todo o lado. O que possuímos de vestuário, de comida, de fazenda e de tantas outras coisas é de tal modo prodigioso, que a nossa cabeça começa a andar à roda: metade disso seria mais que suficiente. Esta vida mais não é do que uma passagem para a eternidade. […] Temos de resistir com todas as forças a esta exuberância de movimentação e de variedade, a tudo aquilo que não constitui uma necessidade absoluta, e recolhermo-nos dentro de nós, considerando a nossa vocação e como e de que modo o Senhor nos chama, este à contemplação íntima, aquele à vida activa, aqueloutro à paz interior no calmo silêncio da penumbra divina e na unidade do espírito.


E mesmo a estes últimos, Deus chama-os, a seu bel-prazer, umas vezes à acção exterior, outras à interior, embora o homem raramente permaneça atento a esse chamamento. […] Também não está certo que, quem é chamado interiormente ao nobre e calmo silêncio, queira por isso mesmo abster-se de quaisquer obras de caridade. Hoje em dia são muito raras as pessoas dispostas a fazer obras de caridade extraordinárias. […] O Evangelho relata-nos que o Mestre descobriu um dos convivas sentado à mesa do festim sem o traje de núpcias. […] O traje que lhe faltava era a caridade divina, pura e verdadeira, essa intenção genuína de, ao procurar a Deus, excluir qualquer ponta de amor-próprio e tudo o que Lhe seja alheio, e só a Ele querer. […] A esses, que só a si próprios procuram, Nosso Senhor diz: «Amigo, como entraste aqui sem o traje da verdadeira caridade?», uma vez que procuraram antes as criaturas de Deus do que o próprio Deus.


quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Evangelho Mateus 20,1-16a.

Quarta-feira, dia 20 de Agosto de 2014

Quarta-feira da 20ª semana do Tempo Comum

S. Bernardo de Claraval, abade, Doutor da Igreja, +1153, S. Zeferino, papa, mártir, +217

Comentário do dia
Santo Agostinho : A vida eterna é a recompensa

Ezeq. 34,1-11.

Foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos:
"Filho de homem, profetiza contra os pastores de Israel, profetiza e diz a esses pastores: Assim fala o Senhor DEUS: 'Ai dos pastores de Israel, que se apascentam a si mesmos! Não devem os pastores apascentar o rebanho?
Vós, porém, bebestes o leite, vestistes-vos com a sua lã, matastes as rezes mais gordas e não apascentastes as ovelhas.
Não tratastes das que eram fracas, não cuidastes da que estava doente, não curastes a que estava ferida; não reconduzistes a transviada; não procurastes a que se tinha perdido; mas a todas tratastes com violência e dureza.
Por isso, à falta de pastor, elas dispersaram-se e, na sua debandada, tornaram-se a presa de todos os animais dos campos.
As minhas ovelhas vagueiam por toda a parte, pelas montanhas e pelas colinas elevadas; o meu rebanho anda disperso por sobre toda a superfície do país; ninguém se preocupa nem as vai procurar.'
Por isso, pastores, ouvi a palavra do SENHOR:
'Pela minha vida - oráculo do Senhor DEUS: porque as minhas ovelhas ficaram entregues à pilhagem e se tornaram a presa de todos os animais dos campos, por falta de pastor; porque os meus pastores não se preocupam com o meu rebanho, porque eles se apascentam a si mesmos e não apascentam o meu rebanho'
por isso, pastores, ouvi a palavra do SENHOR.
Assim fala o Senhor DEUS: 'Aqui estou Eu contra os pastores! Vou tirar as minhas ovelhas das suas mãos, e não permitirei que apascentem mais as minhas ovelhas; e eles não se apascentarão mais a si mesmos. Da sua boca arrancarei as minhas ovelhas, e elas nunca mais serão uma presa para eles.'"
Porque assim fala o Senhor DEUS: "Eis que Eu mesmo cuidarei das minhas ovelhas e me interessarei por elas.

Mateus 20,1-16a.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos a seguinte parábola: «Com efeito, o Reino do Céu é semelhante a um proprietário que saiu ao romper da manhã, a fim de contratar trabalhadores para a sua vinha.
Ajustou com eles um denário por dia e enviou-os para a sua vinha.
Saiu depois pelas nove horas, viu outros na praça, que estavam sem trabalho,
e disse-lhes: 'Ide também para a minha vinha e tereis o salário que for justo.’
E eles foram. Saiu de novo por volta do meio-dia e das três da tarde, e fez o mesmo.
Saindo pelas cinco da tarde, encontrou ainda outros que ali estavam e disse-lhes: 'Porque ficais aqui todo o dia sem trabalhar?’
Responderam-lhe: 'É que ninguém nos contratou.’ Ele disse-lhes: 'Ide também para a minha vinha.’
Ao entardecer, o dono da vinha disse ao capataz: 'Chama os trabalhadores e paga-lhes o salário, começando pelos últimos até aos primeiros.’
Vieram os das cinco da tarde e receberam um denário cada um.
Vieram, por seu turno, os primeiros e julgaram que iam receber mais, mas receberam, também eles, um denário cada um.
Depois de o terem recebido, começaram a murmurar contra o proprietário, dizendo:
'Estes últimos só trabalharam uma hora e deste-lhes a mesma paga que a nós, que suportámos o cansaço do dia e o seu calor.’
O proprietário respondeu a um deles: 'Em nada te prejudico, meu amigo. Não foi um denário que nós ajustámos?
Leva, então, o que te é devido e segue o teu caminho, pois eu quero dar a este último tanto como a ti.
Ou não me será permitido dispor dos meus bens como eu entender? Será que tens inveja por eu ser bom?’
Assim, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos. Porque muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos.»


Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org



Comentário do dia:

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África), doutor da Igreja
Sermão 87, 5-6

A vida eterna é a recompensa

Os justos que viveram no início do mundo, como Abel e Noé, foram chamados, por assim dizer, ao romper da manhã, e gozarão da felicidade da ressurreição ao mesmo tempo que nós; outros justos depois deles, Abraão, Isaac, Jacob e todos os que então eram vivos, foram chamados por volta das nove horas, e gozarão igualmente da felicidade da ressurreição na mesma altura; o mesmo acontecerá aos que vieram depois, Moisés, Aarão e todos os que foram chamados ao meio-dia; por fim, os sábios, os profetas, chamados pelas três da tarde, gozarão também ao mesmo tempo da mesma felicidade.


No fim do mundo, os cristãos, que foram como que chamados pelas cinco da tarde, gozarão como eles da bem-aventurança da ressurreição, que chegará para todos ao mesmo tempo. Considerai, portanto, o muito que terão esperado por ela os primeiros justos, e como a terão obtido depois de passado tanto tempo, ao passo que nós quase nada teremos esperado; e, embora ela deva chegar para todos igualmente, uma vez que assim é podemos considerar-nos os primeiros.


Assim, perante a recompensa, todos seremos iguais: os primeiros, como se fossem os últimos, e estes como se fossem os primeiros; […] porque afinal o prémio é a vida eterna.


terça-feira, 19 de agosto de 2014

Papa suspende proibição à beatificação de bispo salvadorenho


Igreja Católica bloqueou processo por temor de que Óscar Romero tivesse ideias marxistas.

Da BBC
O arcebispo dom Oscar Romero (Foto: BBC)O arcebispo dom Oscar Romero (Foto: BBC)
Papa Francisco suspendeu nesta segunda-feira (18) a proibição que vigorava contra a beatificação do arcebispo salvadorenho Óscar Romero (1917-1980).
Durante anos, a Igreja Católica bloqueou o processo por temor de que Romero tivesse ideias marxistas.
Crítico aberto do regime militar durante a sangrenta guerra civil de El Salvador, o arcebispo foi assassinado enquanto celebrava uma missa em 1980. Ele tinha 62 anos.
Na Igreja Católica, a beatificação – cerimônia na qual o papa declara digna de veneração alguma pessoa falecida - é o passo anterior à santificação.
Romero era um dos principais advogados da chamada "Teologia da Libertação" – uma interpretação da fé cristã por meio da perspectiva dos mais pobres.
Esquadrões de morte
O Papa Francisco afirmou esperar uma mudança no processo de beatificação. "Para mim, Romero é um homem de Deus", afirmou o pontífice a jornalistas dentro do avião que o trazia de volta a Roma de uma viagem à Coreia do Sul.
"Não há nenhum problema doutrinal e isso (a beatificação) deve ser feito rapidamente", acrescentou Francisco.
Então arcebispo da capital San Salvador, Romero denunciou a formação de esquadrões de morte de direita no país e a opressão contra os pobres. Em seus discursos, o religioso costumava pedir o fim de toda "violência política".
Cerca de 75 mil pessoas foram mortas durante a guerra civil de El Salvador, que começou em 1980 e terminou em 1992 com um acordo de paz mediado pelas Nações Unidas.
Romero foi assassinado no dia 24 de março de 1980, após terminar uma missa na capital do país, San Salvador. Até hoje, ninguém foi preso pelo crime.
Em 2010, o então presidente de El Salvador, Mauricio Funes, o primeiro líder de esquerda a ser eleito desde o fim da guerra civil, emitiu um pedido de desculpas oficial pela morte do arcebispo. "Estou buscando um perdão em nome do Estado", afirmou Funes ao revelar um painel em homenagem a Romero no aeroporto internacional do país.
O arcebispo, acrescentou o então presidente salvadorenho, foi uma vítima do que chamou de esquadrões de morte de direita "que, infelizmente, agiram sob a proteção, colaboração ou participação de agentes estatais".

Evangelho Mateus 19,23-30.

Terça-feira, dia 19 de Agosto de 2014

Terça-feira da 20 semana do Tempo Comum

S. João Eudes, presbítero, +1680

Comentário do dia
São João da Cruz : Espírito de posse ou pobreza em espírito?

Ezeq. 28,1-10.

Foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos:
"Filho de homem, diz ao príncipe de Tiro: Eis o que diz o Senhor DEUS: Tu te encheste de orgulho, dizendo: 'Eu sou um deus, estou sentado no trono de Deus, no coração do mar', não sendo tu um deus mas apenas um homem; e, contudo, julgas-te igual a Deus.
Consideras-te mais sábio do que Daniel: nenhum mistério te é obscuro.
Foi pela tua sabedoria e inteligência que adquiriste riqueza e amontoaste ouro e prata em teus tesouros.
Pela tua perícia para o comércio, acrescentaste as riquezas, e o teu coração ensoberbeceu-se.
Por causa disto, assim fala o Senhor DEUS: Já que te julgas deus,
por isso, eis que farei vir contra ti estrangeiros, os mais bárbaros dos povos. Eles desembainharão a espada contra a tua sabedoria e macularão o teu esplendor.
Far-te-ão descer à cova; morrerás de morte violenta no coração dos mares.
Dirás ainda, à vista dos teus carrascos: 'Eu sou um deus', quando é evidente que não és senão um homem e não um deus, na mão do teu assassino.
Morrerás da morte dos incircuncisos, aos golpes dos estrangeiros. Sou Eu quem o afirma" -oráculo do Senhor DEUS.

Mateus 19,23-30.

Naquele tempo, Jesus disse aos discípulos: «Em verdade vos digo que dificilmente um rico entrará no Reino do Céu.
Repito-vos: É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que um rico entrar no Reino do Céu.»
Ao ouvir isto, os discípulos ficaram estupefactos e disseram: «Então, quem pode salvar-se?»
Fixando neles o olhar, Jesus disse-lhes: «Aos homens é impossível, mas a Deus tudo é possível.»
Tomando a palavra, Pedro disse-lhe: «Nós deixámos tudo e seguimos-te. Qual será a nossa recompensa?»
Jesus respondeu-lhes: «Em verdade vos digo: No dia da regeneração de todas as coisas, quando o Filho do Homem se sentar no seu trono de glória, vós, que me seguistes, haveis de sentar-vos em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel.
E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos por causa do meu nome, receberá cem vezes mais e terá por herança a vida eterna.
Muitos dos primeiros serão os últimos, e muitos dos últimos serão os primeiros.»


Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org



Comentário do dia:

São João da Cruz (1542-1591), carmelita descalço, doutor da Igreja
«Admonições e máximas», nos. 355-357, 362

Espírito de posse ou pobreza em espírito?

Não tenhais outro desejo senão entrar, apenas por amor a Cristo, no despojamento, no vazio e na pobreza em relação a tudo o que existe na terra. Não experimentareis outras necessidades a não ser aquelas a que assim submetestes o vosso coração. O pobre em espírito (cf Mt 5,3) nunca se sente tão feliz como quando se encontra na indigência; aquele cujo coração não deseja nada está sempre livre.


Os pobres em espírito dão com grande generosidade tudo o que possuem. O seu prazer é passar sem as coisas, oferecendo-as por amor a Deus e ao próximo (cf Mt 22,37ss). […] Não são apenas os bens, as alegrias e os prazeres deste mundo que nos atravancam e nos atrasam no nosso caminho para Deus; também as alegrias e as consolações espirituais são, em si próprias, obstáculos ao nosso progresso, se as recebermos ou as procurarmos com espírito de posse.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Diocese de Viana celebra II Theotokos

A Diocese de Viana_MA celebrou neste Domingo 17 de Agosto seu II Theotokos, com a presença de mais de 2 mil Legionários,  legionários entraram de Rua em Rua de casa em casa levando a mensagem de Deus e de maria sua Mãe e ao final das visitas ouve a santa Missa celebrada por  Dom Sebastião. onde a mensagem foi Maria e o bem comum.

II THEOTOKOS - FESTA DA ASSUNÇÃO DE MARIA
LEGIO MARIAE - DIOCESE DE VIANA
II THEOTOKOS – SANTA LUZIA, 17 DE AGOSTO –  FESTA DA ASSUNÇÃO DE MARIA
Tema: Maria e o bem comum
Iluminação bíblica: Lc 1,51-53: Ação de Deus em favor dos pobres e Am 8,4-6: Denúncia da exploração dos pobres e humildes
O Theotokos (significa: portadora de Deus = Mãe de Deus) é um acontecimento vivido pela Legião de Maria da diocese de Viana, em uma paróquia previamente escolhida e empenhada na preparação e execução do evento, onde legionárias e legionários de toda diocese se concentram em Missão, como diz o canto: “Legio Mariae, in missionem. De porta em porta, de rua em rua, com o Evangelho do Senhor nas mãos. De porta em porta, de rua em rua, a Legião cumpre sua missão”.
O I Theotokos foi realizado em Santa Inês, dia 18 de agosto de 2013, Festa da Assunção de Maria, com tema: “Maria, Mãe de Deus”. O tema, definido pelo bispo diocesano, do II Theotokos quer unir a vivencia da fé e a cidadania, tendo em vista a eminência das eleições: “Maria e o bem comum”. Os textos bíblicos iluminativos da missão em família, despertam em nós a ação de Deus em favor dos pobres e humildes, que não podem ser enganados, a partir de Maria e do profeta Amós.
MARIA. “Quem olha pra Maria, com olhar de Deus, dá a nossa Senhora, o lugar que Deus lhe Deus”. O privilégio de Maria, preferida entre todas as mulheres, diante de Deus não vem de um olhar excludente, mas globalizante. O poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra e de ti sairá o Emanuel, Deus conosco. Em Maria, a iniciativa foi de Deus, cabendo-lhe a resposta. No seu “sim” está o querer de Deus, unido a duas vontades: de Deus e da virgem Maria. Dela as legionárias e legionários sabem falar muito bem e a tem como intercessora, desde Caná, na Galiléia.
A relação com o bem das pessoas, das circunstâncias, dos pobres e humildes, e de toda humanidade está muito presente. Quem não se recorda da visita à sua prima Isabel, necessitada, pois estava no sexto mês de gravidez e era anciã?. Quem não lembra da confiança de Maria, junto a seu Filho, na festa de casamento? Quem não tem em mente que Maria cantou: derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes e... saciou de bens os famintos? Ainda ampliou a tenda quando disse que a misericórdia de Deus se estende, de geração a geração, sobre os que o temem.
AMÓS. O texto do profeta Amós é muito incisivo na defesa do pobre e do humilde e, sendo ele homem do campo, denuncia a exploração dos aproveitadores da cidade que se sentem incomodados com feriado e até mesmo com o dia santo, o sábado. Para eles o que interessa é ganhar dinheiro, lucrar. Amós, denuncia que os comerciantes diminuem medidas, aumentam preço, adulteram balanças e até o refugo do trigo é vendido para os pobres. Como se não bastasse, compram os infelizes por dinheiro e os pobres por um par de sandálias. Os aproveitadores, estão na mira do profeta, que não suporta exploração.
JESUS CRISTO. Jesus, olhando a multidão, sentiu compaixão, pois, estava faminta e mandou seus discípulos dar-lhe de comer. O pouco que tinha, organizado e distribuído, saciou a todos e sobrou ainda. O seu amor ao Reino passa pelo amor às pessoas. Durante a vida pública, teve olhar atento às crianças, às mulheres, aos leprosos, aos doentes, aos estrangeiros, aos órfãos e às viúvas, aos pecadores e endemoninhados... Seu foco principal era a vontade do Pai, seu Reino. Mas, o ser humano era de suma importância, ocupava lugar primordial na mensagem e nas atitudes do Mestre e bom Pastor, a ponto de afirmar: “Eu vim para que tenham vida, e vida em abundância”. (Jo 10,10)
A quem se deixava tocar ao coração, Jesus Cristo, suscitava conversão, uma vida nova com gestos imensos de gratidão, gerando seguimento e atitudes louváveis como a de Zaqueu – doou de seus bens e reparou a usurpação do que era dos outros. As mulheres das quais fala Lucas no seu Evangelho (8,2s) que com suas posses ajudavam a Jesus e aos seus discípulos com os bens que possuíam, colocavam-se a serviço do Reino, não só com suas vidas, mas também com suas riquezas.
Jesus reconhece a organização social e econômica do seu tempo. Mandou pagar impostos do Templo por si e pelos seus, Pedro, para não causar escândalo (cf. Mt 17,24-27; 22,17-21). Porém, não abre mão daquilo que é de Deus, que pertence ao Senhor, a dignidade da vida: “Dai a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus” (Mt 22, 20s). Assim como rejeita categoricamente a interrupção do anúncio do Reino, pretendido por Herodes e sua corte: “Dizei àquela raposa que continuarei anunciando o Reino de Deus”.
OS PRIMEIROS CRISTÃOS.  O jeito de ser de Cristo é seguido pelos primeiros cristãos a ponto de não haver entre eles necessitados, porque todos os que possuíam terras ou casas vendiam-nas e depositavam o que tinham aos pés dos discípulos (At 4,32-35) e estes tinham a missão de distribuir os proventos aos pobres, até instituírem gente pra fazer isso, os diáconos (At 6,1-6). A solidariedade ia além da comunidade local, pois a coleta incentivada por Paulo em favor da Igreja de Jerusalém, diz muito desse amor universal.
Há de se notar ainda que os cristãos socorriam as viúvas, os órfãos, os estrangeiros, os presos e parte, senão no todo, do que a comunidade recebia era destinada aos pobres. O ofertório na celebração servia pra isso. Não de juntar dinheiro, mas de amar os necessitados, vindo ao encontro de suas necessidades. Faz parte do ser cristão e nos levará para o céu, o amor aos pobres: “Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino, que vos está preparado desde a criação do mundo, porque tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes me ver”.(Mt25,34s)
PADRES DA IGREJA. A Didaqué, um texto antigo tido como Instrução dos Apóstolos, escrito entre o final do século I e primeira metade do II século, que servia para ensinar aos catecúmenos os caminhos da vida cristã, assim fala dos bens da criação e da esmola: “Dê a quem pede a você e não peça para devolver, pois o Pai quer que os seus bens sejam dados a todos...Que a sua esmola fique suando nas mãos, até que você saiba par quem a está dando” (1, 5-6).Policarpo, bispo de Esmirna, padroeiro dos idosos, diz que “quando se pode fazer o bem, não se deve deixar pra depois, porque a esmola liberta da morte”.
São Basílio Magno, bispo de Cesaréia, na homilia sobre Lucas 12, falando do avarento, diz: “Leva no coração o tormento, a ansiedade o aflige, porque aquilo que a outros torna alegres, consome pela preocupação o avaro. A casa está abarrotada de tudo, porém, ele não se alegra”. (1) Mais ainda: “A ideia da avareza é a mais detestável de todas; nem mesmo aquilo que vai estragar-se não quer distribuir com os necessitados. Assim são os ricos. Pois, apoderando-se primeiro do que é de todos, tudo tomam para si por uma falsa ideia. Se cada um tirasse para si o que lhe é necessário e entregasse ao indigente o que não precisasse, ninguém seria rico, ninguém pobre”. (2)
O bispo, mais politizado da Capadócia, assevera: “O pão que tu reténs pertence ao faminto, o manto que guardas no armário é de quem está nu; os sapatos que apodrecem em tua casa pertencem ao descalço; o dinheiro que tens enterrado é do necessitado. Porque tantos são aqueles aos quais fazes injustiças, quantos aqueles que poderias socorrer”. (7) Em São Basílio temos a união fé e vida, é claro que a transformação da sociedade, de forma a mexer nas estruturas do Estado, não está ainda tão presente quanto nos nossos dias e que todos devemos estar abertos à construção da nova sociedade.
VATICANO II. A Igreja esta celebrando os 50 anos deste grande Concílio, um novo sopro do Espírito Santo. A Constituição Gaudium et Spes nos diz que “cada vez mais se adquire uma consciência mais clara da injustiça e da má distribuição dos bens, passando a exigir aquilo de que se julgam privados”. (n.9). E falando do bem comum, tema do II Theotokos, afirma: “O bem comum é a soma das condições sociais que permite, tanto às pessoas como aos grupos humanos, alcançar mais fácil e plenamente a perfeição a que são chamados. A crescente interdependência entre os seres humanos, que se estende progressivamente ao mundo inteiro, torna o bem comum cada vez mais universal, abrangendo direitos e deveres em relação a todo o gênero humano. Cada grupo deve considerar as necessidades e as legítimas aspirações dos outros, e de toda a família humana”. (n.26).
Ainda nos diz a Igreja, atravez deste documento que “O ser humano tem direito a tudo de que necessita para levar uma vida verdadeiramente humana: alimento, roupa, moradia, liberdade na escolha do seu estado de vida e na constituição de sua família, educação, trabalho, reputação, respeito, informação objetiva, liberdade de agir segundo a norma de sua consciência reta, privacidade e gozo de uma justa liberdade, inclusive religiosa”.(idem). “Numa ordem social justa, o bem das pessoas passa na frente do progresso, de tal forma que a ordem das coisas está sujeita ao bem das pessoas, e não vice-versa”(idem). Por isso “Deve-se, pois, estimular todas as iniciativas em favor do bem comum. Merecem louvores os países em que a maioria dos cidadãos participa livremente da coisa pública...”(n.31).
Mesmo sabendo que “A missão própria que Cristo confiou à sua Igreja não é de ordem política, econômica ou social, mas religiosa, da qual, entretanto, emanam luz e forças que servem para fundamentar e fortalecer a comunidade humana, de acordo com a lei divina. Dependendo das circunstâncias, a Igreja pode, e em certos casos deve, suscitar iniciativas em favor de todos, especialmente dos pobres, como o são as obras de misericórdia”. (n.41). “A comunidade política e a Igreja, em suas respectivas esferas de ação, são independentes e autônomas. As duas estão a serviço da mesma vocação pessoal do ser humano, embora a títulos diversos. Este serviço será tanto mais eficaz, para o bem de todos, quando houver cooperação entre ambas, de acordo com as circunstâncias de tempo e lugar”.(n.73)
AMÉRICA LATINA. O Concílio Vaticano II foi acolhido na América Latina na Conferência de Madellin, 1968, na Colombia, e a preocupação pela promoção humana chega à nós. Nas Orientações Pastorais, os bispos latinoamericanos dizem que é exigência da caridade “a consciência do dever de solidariedade para com os pobres” e que “a promoção humana há de ser a linha de nossa ação em favor do pobre, respeitando sua dignidade pessoal, ensinando-lhe a ajudar-se a si mesmo”(nn.10.12). Mas, foi em Puebla, no México, 1979, que a Igreja na América Latina fez sua Opção Preferencial pelos Pobres: “...professamos também que toda a vida humana merece por si mesma, em qualquer circunstância, sua dignificação; e que toda convivência humana tem que fundar-se no bem comum, que consiste na realização cada vez mais fraterna da dignidade comum e que exige não se instrumentalizem uns em favor de outros e que todos estejam dispostos a sacrificar até seus bens particulares”.(n.317).
A Conferência dos Bispos, em Puebla, é muito incisiva e insiste no muito que ainda precisamos fazer: “Na Igreja da América Latina, nem todos nos temos comprometido bastante com os pobres; nem sempre nos preocupamos com eles e somos com eles solidários. O serviço do pobre exige, de fato, uma conversão e purificação constante, em todos os cristãos, para conseguir-se uma identificação cada dia mais plena com Cristo pobre e com os pobres”.(n.1140). Continuando a caminhada solidária e eficaz com os pobres, numa caridade libertadora, a última Conferência dos Bispos latino-americanos, realizada em Aparecida, em maio de 2007, aberta pelo Papa Bento XVI, afirma que “é tarefa da Igreja ajudar com a pregação, a catequese, a denúncia e o testemunho do amor e da justiça, para que se despertem na sociedade as forças espirituais necessárias e se desenvolvam os valores sociais”.(n.385) Assim sendo diz o próprio Papa que a Igreja, “não pode nem deve colocar-se à margem na luta pela justiça”.(DCE 28)
O Documento de Aparecida fala várias vezes da necessidade que se tem de zelar pela consciência do bem comum que tem muito a ver com o bem-estar para que o individualismo, a exploração, o laicisismo, as injustiça, a indiferença, não destrua a vida plena, integral, portanto das pessoas, da comunidade humana, do meio ambiente e dos povos. Em vista da globalização da solidariedade, os bispos propõem: “Apoiar a participação da sociedade civil para a re-orientação e consequente reabilitação ética da política. Por isso, são muito importantes os espaços de participação da sociedade civil para a vigência da democracia, uma verdadeira economia solidária e um desenvolvimento integral, solidário e sustentável”. (n.406a). E também, “Chamar todos os homens e mulheres de boa vontade a colocar em prática princípios fundamentais como o bem comum (a casa é de todos), a subsidiariedade, a solidariedade intergerencial e intragerencial”. (n.406e).
CNBB. As Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil que estamos vivendo, nos provoca como discípulos missionários a proclamar o Reino em vista da plenitude da vida, em vista do Reino definitivo, mas ao mesmo tempo nos alerta e compromete com a causa do pobre: “Os pobres e excluídos são sujeitos da evangelização e da promoção humana integral. Em tudo isso, a Igreja reconhece a importância da atuação no mundo da política e assim incentiva os leigos e leigas à participação ativa e efetiva nos diversos setores diretamente voltados para a construção de um mundo mais justo, fraterno e solidário”.(n.71). As Diretrizes nos impelem ainda para o respeito as diferenças, superando preconceitos, e abraçando as iniciativas em benefício dos direitos das populações indígenas e quilombolas, da preservação da natureza e o cuidado com a ecologia humana. (cf. nn.113 e 114)
Quanto a participação social e política dos cristãos leigos e leigas, a CNBB insiste: “Incentive-se a participação, ativa e consciente, nos Conselhos de Direitos. Quer promovendo, quer se unindo a outras iniciativas, incentive-se a participação em campanhas e outras iniciativas que busquem efetivar, com gestos concretos, a convivência pacífica, em meio a uma sociedade marcada por violência, que banaliza a vida. Sobretudo no mundo de hoje, com a crise da democracia representativa, cresce a importância e, portanto, a necessidade da colaboração da Igreja, no fortalecimento da sociedade civil, na participação em iniciativas de controle social, bem como no serviço em prol da unidade e fraternidade dos povos, especialmente da América Latina e do Caribe, como sinal efetivo de paz e reconciliação”. (n.115). Fala ainda da busca de políticas públicas “no sentido de reivindicar democraticamente a implantação e a execução dessas políticas voltadas para a defesa e a promoção da vida e do bem comum, segundo a Doutrina social da Igreja”. (n.116).
No Documento de número 100, aprovado este ano na Assembleia dos Bispos, que trata da Nova Paróquia, como rede de comunidades, em vista da conversão pastoral, está presente a preocupação com o bem comum: “A comunidade há de marcar presença também diante dos grandes desafios da humanidade: defesa da vida, ecologia, ética na política, economia solidária e cultura de paz. Por isso a paróquia, como comunidade servidora e protetora da vida, tem condições de favorecer a educação para o pleno exercício da cidadania e implementar uma pastoral em defesa da integridade da Terra e do cuidado com a biodiversidade”. (n.285).
PAPA FRANCISCO. O Papa Francisco, desde o primeiro momento do seu pontificado nos deu exemplo de humildade e firmeza no anúncio do Reino e solidariedade com os pobres. Uma Igreja, pobre, a serviço do Evangelho e parceira dos excluídos faz parte de seus sonhos. Na sua primeira Carta Encíclica, Sobre a Fé, Lumen Fidei, inspirado pela carta aos Hebreus (11,7ss) nos diz que “A fé revela quão firmes podem ser os vínculos entre os homens, quando Deus Se torna presente no meio deles. Não evoca apenas uma solidez interior, uma convicção firme do crente; a fé ilumina também as relações entre os homens, porque nasce do amor e segue a dinâmica do amor de Deus”. (n.50). Prossegue afirmando que “A fé faz compreender a arquitetura das relações humanas, porque identifica o seu fundamento último e destino definitivo em Deus, no seu amor, e assim ilumina a arte da sua construção, tornando-se um serviço ao bem comum”. (n.70)
Como bom latino americano, na Exortação Apostólica, Sobre a Alegria do Evangelho, nos faz assumir postura diante de desafios que o mundo atual nos impõe e que ele chama de desafios: “A alegria de viver frequentemente se desvanece; crescem a falta de respeito e a violência, a desigualdade social torna-se cada vez mais patente. É preciso lutar para viver, e muitas vezes viver com pouca dignidade. Esta mudança de época foi causada pelos enormes saltos qualitativos, quantitativos, velozes e acumulados que se verificam no progresso científico, nas inovações tecnológicas e nas suas rápidas aplicações em diversos âmbitos da natureza e da vida”. (n.52). São importantes aqui também, os nãos do Papa: não a uma economia da exclusão, não à nova idolatria do dinheiro, não a um dinheiro que governa em vez de servir, não à desigualdade social que gera violência. (cf. n.53-60).
O nosso tema ‘bem comum’, com a paz social, o Santo Padre discorre nos números 217-237, da Exortação, destacando quatro princípios norteadores: O tempo é superior ao espaço, a unidade prevalece sobre o conflito, a realidade é mais importante do que a ideia e o todo é superior à parte. Segundo Papa Francisco, “As reivindicações sociais, que têm a ver com a distribuição das entradas, a inclusão social dos pobres e os direitos humanos não podem ser sufocados com o pretexto de construir consenso de escritório ou uma paz efêmera para uma minoria feliz. A dignidade da pessoa humana e o bem comum estão acima da tranquilidade de alguns que não querem renunciar aos seus privilégios. Quando estes valores são afetados, se faz necessária uma voz profética”. (n.218). Citando a Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos é mais enérgico ainda: “ser cidadão fiel é uma virtude, e a participação na vida política é uma obrigação moral”. (n.220).
EM VIAS DE CONCLUSÃO. O Papa Bento XVI, falando sobre a Caridade na Verdade, Encíclica Caritas in Veritate, nos lembra dois princípios orientadores da caridade: a justiça e o bem comum (n.6); falando do bem comum diz que “Ao lado do bem individual, existe um bem ligado à vida social das pessoas: o bem comum. É o bem daquele ‘nós todos’, formado por indivíduos, famílias e grupos intermédios que se unem em comunidade social. Querer o bem comum e trabalhar por ele é exigência de justiça e de caridade”. (n.7). Também na atividade econômica, não se pode reduzir tudo a uma lógica mercantil, diz Bento, “esta há de ter como finalidade a prossecução do bem comum, do qual se deve ocupar também e sobretudo a comunidade política”. (n.36). O agir econômico não pode estar separado do agir político, pois a função seria buscar a justiça através da redistribuição, conclui o Papa. Mas foi o Papa Paulo VI quem cunhou a frase lapidar da relação caridade e política: “A política é uma forma sublime do exercício da caridade”.
Em via de conclusão se pode dizer que o cântico profético de Maria encontrou guarida na vida da Igreja, particularmente na América Latinam onde o povo é sedento de solidariedade, distribuição de renda e alternância de poder; assim como sonha com a superação da pobreza e da miséria fruto da conversão radial da cultura da exploração e da concentração dos bens, nas mãos de poucos, mas também do empoderamento dos povos afro-ameríndios, para cantarmos com Maria: “Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador...”. (Lc 1,46).
O profeta Amós nos faz recordar o empenho da Igreja, na redemocratização do Brasil e na luta constante pela cidadania plenamente participativa, em vista do bem comum, sem prescindir da sua missão evangelizadora. O “comprar os infelizes por dinheiro e os pobres por um par de sandálias” (Am 8,6), evoca a Lei 9.840 de 1997, de iniciativa popular Contra corrupção eleitoral, a compra de voto, que diz: “Ressalvado o disposto no art. 26 e seus incisos, constitui captação de sufrágio, vedada por esta Lei, o candidato doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição, inclusive, sob pena de multa de mil a cinqüenta mil Ufir, e cassação do registro ou do diploma, observado o procedimento previsto no art. 22 da Lei Complementar no 64, de 18 de maio de 1990." (Art. 41)
Digno de nota, também em favor do bem comum, cortando na raiz o mal do aproveitamento para si, do que é de todos, e da proibição de candidatar-se os que foram condenados por um colegiado da justiça. A Lei da Ficha Limpa, como ficou conhecida, pune os infratores e os tornam inelegíveis. As infrações são as seguintes: “A punição de inelegibilidade é aplicada aos infratores dos seguintes crimes: contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio público; contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falência; contra o meio ambiente e a saúde pública; eleitorais para os quais a lei determine a pena de prisão; de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exercício de função pública; de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e hediondos; de redução à condição análoga à de escravo; contra a vida e a dignidade sexual; e delitos praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando”.
Ainda: “A Lei da Ficha Limpa também condena os candidatos que tiverem suas contas, relativas ao exercício de cargos ou funções públicas, rejeitadas por irregularidade insanável que configure improbidade administrativa. Encontram-se na mesma condição, os detentores de cargos públicos que beneficiarem a si ou a terceiros através de abuso do poder econômico ou político”.








Irmão Pipoca, Irmã Djé  com a Imã  em Santa Luzia no II Theotokos.
Fonte: Diocese de Viana
Postado por: Dom Sebastião Lima Duarte

Evangelho Mateus 19,16-22


Segunda-feira, dia 18 de Agosto de 2014

Segunda-feira da 20ª semana do Tempo Comum

Santa Helena, mãe do imperador Constantino, +328, Santo Alberto Hurtado Cruchaga, presbítero, +1952

Comentário do dia
São Clemente de Alexandria : «Se queres»

Ezeq. 24,15-24.
Foi-me dirigida a palavra do Senhor, nestes termos:
"Filho de homem, vou tirar-te de repente aquela que é a alegria dos teus olhos; mas tu não deverás lamentar-te, nem chorar, nem derramar lágrimas.
Suspira em silêncio, não guardes o luto habitual pelos defuntos; conserva o turbante na cabeça, calça as sandálias, não cubras o rosto e não comas pão ordinário."
Falei ao povo na parte da manhã. À tarde, minha mulher morria; e eu, na manhã do dia seguinte, fiz como me tinha sido ordenado.
E o povo disse-me: "Não queres dizer-nos o que significa para nós aquilo que fizeste?"
E eu respondi-lhes: "A palavra do SENHOR foi-me dirigida nestes termos:
Diz à casa de Israel: 'Assim fala o Senhor DEUS: Eis que vou profanar o meu santuário, o orgulho da vossa força, as delícias dos vossos olhos e a paixão das vossas vidas. Os vossos filhos e filhas que deixastes cairão ao fio da espada.
Então, fareis o que Eu fiz. Não cobrireis o vosso rosto e não comereis pão ordinário.
Com o turbante na cabeça e as sandálias calçadas, não vos lamentareis e não chorareis; mas consumir-vos-eis nas vossas iniquidades e gemereis uns para os outros.
Ezequiel será para vós um sinal: fareis como ele fez, quando isto acontecer. Então, reconhecereis que Eu sou o Senhor DEUS.

Mateus 19,16-22.
Naquele tempo, aproximou-se de Jesus um jovem que Lhe perguntou: «Mestre, que hei-de fazer de bom, para alcançar a vida eterna?»
Jesus respondeu-lhe: «Porque me interrogas sobre o que é bom? Bom é um só. Mas, se queres entrar na vida eterna, cumpre os mandamentos.»
«Quais?» perguntou ele. Retorquiu Jesus: Não matarás, não cometerás adultério, não roubarás, não levantarás falso testemunho,
honra teu pai e tua mãe; e ainda: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Disse-lhe o jovem: «Tenho cumprido tudo isto; que me falta ainda?»
Jesus respondeu: «Se queres ser perfeito, vai, vende o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu; depois, vem e segue-me.»
Ao ouvir isto, o jovem retirou-se contristado, porque possuía muitos bens.


Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org



Comentário do dia:

São Clemente de Alexandria (150-c. 215), teólogo
Homilia «Os ricos podem salvar-se?», 8-9; PG 9, 603

«Se queres»

Este jovem sente mesmo que, embora nada falte à sua virtude, ainda lhe falta qualquer coisa na vida. Por isso a vem pedir à única pessoa que lha pode dar. Tem a certeza de estar em regra quanto à Lei; contudo, implora ao Filho de Deus, passando duma fé para a outra fé. As amarras da Lei não o defendiam dos solavancos; inquieto, deixa essas águas perigosas e vem lançar âncora no porto do Salvador.


Jesus não lhe censura ter faltado a qualquer artigo da Lei, mas começa a amá-lo (cf Mc 10,21), emocionado com a sua aplicação de bom aluno. Contudo, declara-o ainda imperfeito […]: é um bom trabalhador da Lei, mas preguiçoso em relação à vida eterna. Já é bastante bom, sem dúvida; «a santa Lei» é como um pedagogo (cf Rom 7,12; Gal 3,24) que ensina pelo temor e encaminha para os mandamentos sublimes de Jesus e para a sua graça. «É que o fim da Lei é Cristo para que, deste modo, a justiça seja concedida a todo o que tem fé» (Rom 10,4). Ele não é um escravo que fabrique escravos; Ele dá a qualidade de filhos, de irmãos, de co-herdeiros a todos os que fazem a vontade do Pai (cf Rom 8,17; Mt 12,50). […]


Estas palavras, «se queres», mostram admiravelmente a liberdade do jovem; resta-lhe apenas escolher, ele é dono da sua decisão. Mas é Deus que dá, pois Ele é o Senhor. Ele dá a todos os que desejam e empregam todo o seu ardor e rezam, para que a salvação seja a sua escolha pessoal. Inimigo da violência, Deus não obriga ninguém, mas dá a graça aos que a procuram, abre aos que batem (cf Mt 7,7).


Domingo, dia 17 de Agosto de 2014

20º Domingo do Tempo Comum - Ano A
XX Domingo Comum (semana IV do saltério)Assunção de Nossa Senhora (no Brasil)

Santa Beatriz da Silva, religiosa, +1490, S. Jacinto, presbítero, apóstolo da Polónia, +1257

Comentário do dia
Guilherme de Saint-Thierry : «Senhor, Filho de David, tem misericórdia de mim»

Is. 56,1.6-7.

Eis o que diz o Senhor: «Respeitai o direito, praticai a justiça, porque a minha salvação está mesmo a chegar, e a minha vitória prestes a aparecer.
Quanto aos estrangeiros que se converterem ao SENHOR, para o servirem e amarem e serem seus servos, se guardarem o sábado sem o profanar, e forem fiéis à minha aliança,
hei-de conduzi-los ao meu santo monte, hei-de cumulá-los de alegria na minha casa de oração; os seus holocaustos e sacrifícios ser-me-ão agradáveis sobre o meu altar, porque a minha casa é casa de oração, e assim será para todos os povos

Romanos 11,13-15.29-32.

Irmãos:É a vós, os gentios, que eu digo isto: exactamente como Apóstolo dos gentios que sou, enalteço este meu ministério,
para ver se provoco o ciúme dos que são da minha carne e salvo alguns deles.
Porque, se a sua rejeição serviu para a reconciliação do mundo, que irá ser a sua admissão senão uma passagem da morte à vida?
É que os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis.
Outrora vós desobedecestes a Deus, mas agora alcançastes misericórdia, devido à desobediência deles;
do mesmo modo, também eles desobedeceram agora, em favor da misericórdia que alcançastes, para que também eles venham agora a alcançar misericórdia.
Porque Deus encerrou a todos na desobediência, para com todos usar de misericórdia. Glória a Deus para sempre!

Mateus 15,21-28.

Naquele tempo, Jesus partiu dali e retirou-Se para os lados de Tiro e de Sídon.
Então, uma cananeia, que viera daquela região, começou a gritar: «Senhor, Filho de David, tem misericórdia de mim! Minha filha está cruelmente atormentada por um demónio.»
Mas Ele não lhe respondeu nem uma palavra. Os discípulos aproximaram-se e pediram-lhe com insistência: «Despacha-a, porque ela persegue-nos com os seus gritos.»
Jesus replicou: «Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.»
Mas a mulher veio prostrar-se diante dele, dizendo: «Socorre-me, Senhor.»
Ele respondeu-lhe: «Não é justo que se tome o pão dos filhos para o lançar aos cachorros.»
Retorquiu ela: «É verdade, Senhor, mas até os cachorros comem as migalhas que caem da mesa de seus donos.»
Então, Jesus respondeu-lhe: «Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se como desejas.» E, a partir desse instante, a filha dela achou-se curada.


Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org



Comentário do dia:

Guilherme de Saint-Thierry (c. 1085-1148), monge beneditino, depois cisterciense
Orações meditativas, nº 2

«Senhor, Filho de David, tem misericórdia de mim»

Às vezes, Senhor, sinto-Te passar; Tu não páras, ultrapassas-me, mas eu grito por Ti como a mulher cananeia. Ousarei aproximar-me de Ti? Claro que sim, porque os cachorros expulsos da casa do dono regressam sempre e, guardando a casa, recebem o seu pão de cada dia. Expulso, aqui estou de novo; afastado, clamo; maltratado, imploro. Como os cachorros não podem viver longe dos homens, assim também a minha alma não pode viver longe do meu Deus!


Abre-me, Senhor. Que eu chegue a Ti para ser inundado pela tua luz. Tu habitas nos céus, estás escondido nas trevas, na nuvem obscura. Como diz o profeta: «Envolveste-Te numa nuvem para que as nossas orações não Te alcancem» (Lam 3,44). Estanco na terra, o coração como num atoleiro. […] As tuas estrelas já não brilham para mim, o sol obscureceu-se, a lua já não dá a sua luz. Pretendo cantar os teus feitos nos salmos, nos hinos e nos cânticos espirituais; no Evangelho, as tuas palavras e as tuas acções resplandecem de luz; os exemplos dos teus servos […], as ameaças e as promessas das tuas Escrituras de verdade impõem-se a meus olhos e batem na surdez dos meus ouvidos. Mas a minha mente endureceu; aprendi a dormir virado para o esplendor do sol; acostumei-me a já não ver o que assim se me oferece. […]


Até quando, Senhor, até quando tardarás a rasgar os teus céus, a descer para vires sacudir o meu torpor? (Sl 12,2; 63,19) Que eu deixe de ser o que sou […], que me converta e que volte, pelo menos à noite, como um cachorrinho faminto. Percorro a tua cidade, que peregrina ainda em parte neste mundo, embora a maioria dos seus habitantes tenha encontrado a sua alegria nos céus. Também eu encontrarei aí a minha casa?




sábado, 16 de agosto de 2014

Evangelho Mateus 19,13-15.

Sabado, dia 16 de Agosto de 2014

Sábado da 19ª semana do Tempo Comum

Santo Estêvão, rei da Hungria, +1038, S. Roque, peregrino, séc. XIV

Comentário do dia
Beata Teresa de Calcutá : «Deixai as crianças e não as impeçais de vir ter comigo, pois delas é o Reino do Céu.»

Ezeq. 18,1-10.13b.30-32.

O Senhor dirigiu-me a palavra, dizendo:
"Porque proferis este provérbio à casa de Israel: 'Os pais comeram uvas verdes e os dentes dos filhos é que ficaram embotados'?
Pela minha vida, diz o Senhor DEUS, não deveis repetir este provérbio em Israel.
Todas as vidas me pertencem, tanto a vida do pai como a do filho, todas me pertencem. O que pecou é que morrerá."
"Se alguém é justo, observa o direito e a justiça,
não come nos lugares altos, não levanta os olhos para os ídolos da casa de Israel, não desonra a mulher do seu próximo, não se aproxima de uma mulher durante o tempo da sua impureza;
não oprime ninguém, restitui o que recebeu em fiança, não comete furtos, distribui pão aos famintos, cobre o nu;
não empresta com usura e não recebe juros, afasta a mão do mal, e julga entre os homens segundo a verdade;
se segue as minhas leis e observa os meus preceitos, tal homem é verdadeiramente justo e viverá" - oráculo do Senhor DEUS.
"Mas, se ele gera um filho violento e sanguinário e que faz alguma destas coisas que o pai não fazia;
empresta com usura e recebe juros, este, seguramente, não viverá. Depois de ter cometido todos estes crimes abomináveis, deverá morrer e o seu sangue cairá sobre ele."
"Por isso, Eu vos julgarei a cada um segundo a sua maneira de agir, casa de Israel - oráculo do Senhor DEUS. Convertei-vos e afastai-vos dos vossos pecados; que não haja mais entre vós ocasião de pecado.
Rejeitai todos os pecados que cometestes contra mim e criai um coração novo e um espírito novo. Porque quereis morrer, casa de Israel?
Pois Eu não me comprazo com a morte de quem quer que seja - oráculo do Senhor DEUS. Convertei-vos e vivei."

Mateus 19,13-15.

Naquele tempo, apresentaram umas crianças a Jesus, para que lhes impusesse as mãos e orasse por elas. Mas os discípulos afastavam-nas.
Jesus disse-lhes: «Deixai as crianças e não as impeçais de vir ter comigo, pois delas é o Reino do Céu.»
E, depois de lhes ter imposto as mãos, prosseguiu o seu caminho.


Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org



Comentário do dia:

Beata Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade
«No Greater Love»

«Deixai as crianças e não as impeçais de vir ter comigo, pois delas é o Reino do Céu.»

Eis o caminho do amor confiante:

─ ter uma confiança absoluta, incondicional e inabalável em Deus nosso Pai que nos ama, mesmo quando tudo parece destinado ao fracasso.

─ buscar unicamente nele o nosso socorro e o nosso defensor.

─ recusar a dúvida e o desânimo, descarregando todas as nossas angústias e preocupações no Senhor"(Sl 54,23), e caminhar em perfeita liberdade.

─ ser audacioso e sem qualquer medo frente aos obstáculos, sabendo que «nada é impossível para Deus» (Lc 1,37).

─ contar em tudo com o nosso Pai que está no céu, num movimento espontâneo de abandono, como o das crianças, convencidos do nosso nada absoluto, mas corajosamente confiantes, até à ousadia, na sua bondade paternal.