A Diocese de Viana_MA celebrou neste Domingo 17 de Agosto seu II Theotokos, com a presença de mais de 2 mil Legionários, legionários entraram de Rua em Rua de casa em casa levando a mensagem de Deus e de maria sua Mãe e ao final das visitas ouve a santa Missa celebrada por Dom Sebastião. onde a mensagem foi Maria e o bem comum.
II THEOTOKOS - FESTA DA ASSUNÇÃO DE MARIA
LEGIO MARIAE - DIOCESE DE VIANA
II THEOTOKOS – SANTA LUZIA, 17 DE AGOSTO – FESTA DA
ASSUNÇÃO DE MARIA
Tema: Maria e o bem comum
Iluminação bíblica: Lc 1,51-53: Ação de Deus em favor dos
pobres e Am 8,4-6: Denúncia da exploração dos pobres e humildes
O Theotokos (significa: portadora de Deus = Mãe de Deus) é um
acontecimento vivido pela Legião de Maria da diocese de Viana, em uma paróquia
previamente escolhida e empenhada na preparação e execução do evento, onde
legionárias e legionários de toda diocese se concentram em Missão, como diz o
canto: “Legio Mariae, in missionem. De porta em porta, de rua em rua, com o
Evangelho do Senhor nas mãos. De porta em porta, de rua em rua, a Legião cumpre
sua missão”.
O I Theotokos foi realizado em Santa Inês, dia 18 de agosto
de 2013, Festa da Assunção de Maria, com tema: “Maria, Mãe de Deus”. O tema,
definido pelo bispo diocesano, do II Theotokos quer unir a vivencia da fé e a
cidadania, tendo em vista a eminência das eleições: “Maria e o bem comum”. Os
textos bíblicos iluminativos da missão em família, despertam em nós a ação de
Deus em favor dos pobres e humildes, que não podem ser enganados, a partir de
Maria e do profeta Amós.
MARIA. “Quem olha pra Maria, com olhar de Deus, dá a nossa
Senhora, o lugar que Deus lhe Deus”. O privilégio de Maria, preferida entre
todas as mulheres, diante de Deus não vem de um olhar excludente, mas
globalizante. O poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra e de ti sairá o
Emanuel, Deus conosco. Em Maria, a iniciativa foi de Deus, cabendo-lhe a
resposta. No seu “sim” está o querer de Deus, unido a duas vontades: de Deus e
da virgem Maria. Dela as legionárias e legionários sabem falar muito bem e a
tem como intercessora, desde Caná, na Galiléia.
A relação com o bem das pessoas, das circunstâncias, dos
pobres e humildes, e de toda humanidade está muito presente. Quem não se
recorda da visita à sua prima Isabel, necessitada, pois estava no sexto mês de
gravidez e era anciã?. Quem não lembra da confiança de Maria, junto a seu
Filho, na festa de casamento? Quem não tem em mente que Maria cantou: derrubou
do trono os poderosos e elevou os humildes e... saciou de bens os famintos?
Ainda ampliou a tenda quando disse que a misericórdia de Deus se estende, de
geração a geração, sobre os que o temem.
AMÓS. O texto do profeta Amós é muito incisivo na defesa do
pobre e do humilde e, sendo ele homem do campo, denuncia a exploração dos
aproveitadores da cidade que se sentem incomodados com feriado e até mesmo com
o dia santo, o sábado. Para eles o que interessa é ganhar dinheiro, lucrar.
Amós, denuncia que os comerciantes diminuem medidas, aumentam preço, adulteram
balanças e até o refugo do trigo é vendido para os pobres. Como se não
bastasse, compram os infelizes por dinheiro e os pobres por um par de
sandálias. Os aproveitadores, estão na mira do profeta, que não suporta
exploração.
JESUS CRISTO. Jesus, olhando a multidão, sentiu compaixão,
pois, estava faminta e mandou seus discípulos dar-lhe de comer. O pouco que
tinha, organizado e distribuído, saciou a todos e sobrou ainda. O seu amor ao
Reino passa pelo amor às pessoas. Durante a vida pública, teve olhar atento às
crianças, às mulheres, aos leprosos, aos doentes, aos estrangeiros, aos órfãos
e às viúvas, aos pecadores e endemoninhados... Seu foco principal era a vontade
do Pai, seu Reino. Mas, o ser humano era de suma importância, ocupava lugar
primordial na mensagem e nas atitudes do Mestre e bom Pastor, a ponto de
afirmar: “Eu vim para que tenham vida, e vida em abundância”. (Jo 10,10)
A quem se deixava tocar ao coração, Jesus Cristo, suscitava
conversão, uma vida nova com gestos imensos de gratidão, gerando seguimento e
atitudes louváveis como a de Zaqueu – doou de seus bens e reparou a usurpação
do que era dos outros. As mulheres das quais fala Lucas no seu Evangelho (8,2s)
que com suas posses ajudavam a Jesus e aos seus discípulos com os bens que
possuíam, colocavam-se a serviço do Reino, não só com suas vidas, mas também
com suas riquezas.
Jesus reconhece a organização social e econômica do seu
tempo. Mandou pagar impostos do Templo por si e pelos seus, Pedro, para não
causar escândalo (cf. Mt 17,24-27; 22,17-21). Porém, não abre mão daquilo que é
de Deus, que pertence ao Senhor, a dignidade da vida: “Dai a Cesar o que é de
Cesar e a Deus o que é de Deus” (Mt 22, 20s). Assim como rejeita
categoricamente a interrupção do anúncio do Reino, pretendido por Herodes e sua
corte: “Dizei àquela raposa que continuarei anunciando o Reino de Deus”.
OS PRIMEIROS CRISTÃOS. O jeito de ser de Cristo é
seguido pelos primeiros cristãos a ponto de não haver entre eles necessitados,
porque todos os que possuíam terras ou casas vendiam-nas e depositavam o que
tinham aos pés dos discípulos (At 4,32-35) e estes tinham a missão de
distribuir os proventos aos pobres, até instituírem gente pra fazer isso, os
diáconos (At 6,1-6). A solidariedade ia além da comunidade local, pois a coleta
incentivada por Paulo em favor da Igreja de Jerusalém, diz muito desse amor
universal.
Há de se notar ainda que os cristãos socorriam as viúvas, os
órfãos, os estrangeiros, os presos e parte, senão no todo, do que a comunidade
recebia era destinada aos pobres. O ofertório na celebração servia pra isso.
Não de juntar dinheiro, mas de amar os necessitados, vindo ao encontro de suas
necessidades. Faz parte do ser cristão e nos levará para o céu, o amor aos
pobres: “Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino, que vos está
preparado desde a criação do mundo, porque tive fome e me destes de comer, tive
sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes;
enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes me ver”.(Mt25,34s)
PADRES DA IGREJA. A Didaqué, um texto antigo tido como
Instrução dos Apóstolos, escrito entre o final do século I e primeira metade do
II século, que servia para ensinar aos catecúmenos os caminhos da vida cristã,
assim fala dos bens da criação e da esmola: “Dê a quem pede a você e não peça
para devolver, pois o Pai quer que os seus bens sejam dados a todos...Que a sua
esmola fique suando nas mãos, até que você saiba par quem a está dando” (1,
5-6).Policarpo, bispo de Esmirna, padroeiro dos idosos, diz que “quando se pode
fazer o bem, não se deve deixar pra depois, porque a esmola liberta da morte”.
São Basílio Magno, bispo de Cesaréia, na homilia sobre Lucas
12, falando do avarento, diz: “Leva no coração o tormento, a ansiedade o
aflige, porque aquilo que a outros torna alegres, consome pela preocupação o
avaro. A casa está abarrotada de tudo, porém, ele não se alegra”. (1) Mais
ainda: “A ideia da avareza é a mais detestável de todas; nem mesmo aquilo que
vai estragar-se não quer distribuir com os necessitados. Assim são os ricos. Pois,
apoderando-se primeiro do que é de todos, tudo tomam para si por uma falsa
ideia. Se cada um tirasse para si o que lhe é necessário e entregasse ao
indigente o que não precisasse, ninguém seria rico, ninguém pobre”. (2)
O bispo, mais politizado da Capadócia, assevera: “O pão que
tu reténs pertence ao faminto, o manto que guardas no armário é de quem está
nu; os sapatos que apodrecem em tua casa pertencem ao descalço; o dinheiro que
tens enterrado é do necessitado. Porque tantos são aqueles aos quais fazes
injustiças, quantos aqueles que poderias socorrer”. (7) Em São Basílio temos a
união fé e vida, é claro que a transformação da sociedade, de forma a mexer nas
estruturas do Estado, não está ainda tão presente quanto nos nossos dias e que
todos devemos estar abertos à construção da nova sociedade.
VATICANO II. A Igreja esta celebrando os 50 anos deste grande
Concílio, um novo sopro do Espírito Santo. A Constituição Gaudium et Spes nos
diz que “cada vez mais se adquire uma consciência mais clara da injustiça e da
má distribuição dos bens, passando a exigir aquilo de que se julgam privados”.
(n.9). E falando do bem comum, tema do II Theotokos, afirma: “O bem comum é a
soma das condições sociais que permite, tanto às pessoas como aos grupos
humanos, alcançar mais fácil e plenamente a perfeição a que são chamados. A
crescente interdependência entre os seres humanos, que se estende
progressivamente ao mundo inteiro, torna o bem comum cada vez mais universal,
abrangendo direitos e deveres em relação a todo o gênero humano. Cada grupo
deve considerar as necessidades e as legítimas aspirações dos outros, e de toda
a família humana”. (n.26).
Ainda nos diz a Igreja, atravez deste documento que “O ser
humano tem direito a tudo de que necessita para levar uma vida verdadeiramente
humana: alimento, roupa, moradia, liberdade na escolha do seu estado de vida e
na constituição de sua família, educação, trabalho, reputação, respeito,
informação objetiva, liberdade de agir segundo a norma de sua consciência reta,
privacidade e gozo de uma justa liberdade, inclusive religiosa”.(idem). “Numa
ordem social justa, o bem das pessoas passa na frente do progresso, de tal
forma que a ordem das coisas está sujeita ao bem das pessoas, e não
vice-versa”(idem). Por isso “Deve-se, pois, estimular todas as iniciativas em
favor do bem comum. Merecem louvores os países em que a maioria dos cidadãos
participa livremente da coisa pública...”(n.31).
Mesmo sabendo que “A missão própria que Cristo confiou à sua
Igreja não é de ordem política, econômica ou social, mas religiosa, da qual,
entretanto, emanam luz e forças que servem para fundamentar e fortalecer a
comunidade humana, de acordo com a lei divina. Dependendo das circunstâncias, a
Igreja pode, e em certos casos deve, suscitar iniciativas em favor de todos,
especialmente dos pobres, como o são as obras de misericórdia”. (n.41). “A
comunidade política e a Igreja, em suas respectivas esferas de ação, são
independentes e autônomas. As duas estão a serviço da mesma vocação pessoal do
ser humano, embora a títulos diversos. Este serviço será tanto mais eficaz,
para o bem de todos, quando houver cooperação entre ambas, de acordo com as
circunstâncias de tempo e lugar”.(n.73)
AMÉRICA LATINA. O Concílio Vaticano II foi acolhido na
América Latina na Conferência de Madellin, 1968, na Colombia, e a
preocupação pela promoção humana chega à nós. Nas Orientações Pastorais, os
bispos latinoamericanos dizem que é exigência da caridade “a consciência do
dever de solidariedade para com os pobres” e que “a promoção humana há de ser a
linha de nossa ação em favor do pobre, respeitando sua dignidade pessoal,
ensinando-lhe a ajudar-se a si mesmo”(nn.10.12). Mas, foi em Puebla, no
México, 1979, que a Igreja na América Latina fez sua Opção Preferencial pelos
Pobres: “...professamos também que toda a vida humana merece por si mesma, em
qualquer circunstância, sua dignificação; e que toda convivência humana tem que
fundar-se no bem comum, que consiste na realização cada vez mais fraterna da
dignidade comum e que exige não se instrumentalizem uns em favor de outros e
que todos estejam dispostos a sacrificar até seus bens particulares”.(n.317).
A Conferência dos Bispos, em Puebla, é muito incisiva e
insiste no muito que ainda precisamos fazer: “Na Igreja da América Latina, nem todos
nos temos comprometido bastante com os pobres; nem sempre nos preocupamos com
eles e somos com eles solidários. O serviço do pobre exige, de fato, uma
conversão e purificação constante, em todos os cristãos, para conseguir-se uma
identificação cada dia mais plena com Cristo pobre e com os pobres”.(n.1140).
Continuando a caminhada solidária e eficaz com os pobres, numa caridade
libertadora, a última Conferência dos Bispos latino-americanos, realizada em
Aparecida, em maio de 2007, aberta pelo Papa Bento XVI, afirma que “é tarefa da
Igreja ajudar com a pregação, a catequese, a denúncia e o testemunho do amor e
da justiça, para que se despertem na sociedade as forças espirituais
necessárias e se desenvolvam os valores sociais”.(n.385) Assim sendo diz o próprio
Papa que a Igreja, “não pode nem deve colocar-se à margem na luta pela
justiça”.(DCE 28)
O Documento de Aparecida fala várias vezes da necessidade que
se tem de zelar pela consciência do bem comum que tem muito a ver com o
bem-estar para que o individualismo, a exploração, o laicisismo, as injustiça,
a indiferença, não destrua a vida plena, integral, portanto das pessoas, da
comunidade humana, do meio ambiente e dos povos. Em vista da globalização da
solidariedade, os bispos propõem: “Apoiar a participação da sociedade civil
para a re-orientação e consequente reabilitação ética da política. Por isso,
são muito importantes os espaços de participação da sociedade civil para a
vigência da democracia, uma verdadeira economia solidária e um desenvolvimento
integral, solidário e sustentável”. (n.406a). E também, “Chamar todos os homens
e mulheres de boa vontade a colocar em prática princípios fundamentais como o
bem comum (a casa é de todos), a subsidiariedade, a solidariedade
intergerencial e intragerencial”. (n.406e).
CNBB. As Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no
Brasil que estamos vivendo, nos provoca como discípulos missionários a
proclamar o Reino em vista da plenitude da vida, em vista do Reino definitivo,
mas ao mesmo tempo nos alerta e compromete com a causa do pobre: “Os pobres e
excluídos são sujeitos da evangelização e da promoção humana integral. Em tudo
isso, a Igreja reconhece a importância da atuação no mundo da política e assim
incentiva os leigos e leigas à participação ativa e efetiva nos diversos
setores diretamente voltados para a construção de um mundo mais justo, fraterno
e solidário”.(n.71). As Diretrizes nos impelem ainda para o respeito as
diferenças, superando preconceitos, e abraçando as iniciativas em benefício dos
direitos das populações indígenas e quilombolas, da preservação da natureza e o
cuidado com a ecologia humana. (cf. nn.113 e 114)
Quanto a participação social e política dos cristãos leigos e
leigas, a CNBB insiste: “Incentive-se a participação, ativa e consciente, nos
Conselhos de Direitos. Quer promovendo, quer se unindo a outras iniciativas,
incentive-se a participação em campanhas e outras iniciativas que busquem
efetivar, com gestos concretos, a convivência pacífica, em meio a uma sociedade
marcada por violência, que banaliza a vida. Sobretudo no mundo de hoje, com a
crise da democracia representativa, cresce a importância e, portanto, a
necessidade da colaboração da Igreja, no fortalecimento da sociedade civil, na
participação em iniciativas de controle social, bem como no serviço em prol da
unidade e fraternidade dos povos, especialmente da América Latina e do Caribe,
como sinal efetivo de paz e reconciliação”. (n.115). Fala ainda da busca de
políticas públicas “no sentido de reivindicar democraticamente a implantação e
a execução dessas políticas voltadas para a defesa e a promoção da vida e do
bem comum, segundo a Doutrina social da Igreja”. (n.116).
No Documento de número 100, aprovado este ano na Assembleia
dos Bispos, que trata da Nova Paróquia, como rede de comunidades, em vista da
conversão pastoral, está presente a preocupação com o bem comum: “A comunidade
há de marcar presença também diante dos grandes desafios da humanidade: defesa
da vida, ecologia, ética na política, economia solidária e cultura de paz. Por
isso a paróquia, como comunidade servidora e protetora da vida, tem condições
de favorecer a educação para o pleno exercício da cidadania e implementar uma
pastoral em defesa da integridade da Terra e do cuidado com a biodiversidade”.
(n.285).
PAPA FRANCISCO. O Papa Francisco, desde o primeiro
momento do seu pontificado nos deu exemplo de humildade e firmeza no anúncio do
Reino e solidariedade com os pobres. Uma Igreja, pobre, a serviço do Evangelho
e parceira dos excluídos faz parte de seus sonhos. Na sua primeira Carta
Encíclica, Sobre a Fé, Lumen Fidei, inspirado pela carta aos Hebreus (11,7ss)
nos diz que “A fé revela quão firmes podem ser os vínculos entre os homens,
quando Deus Se torna presente no meio deles. Não evoca apenas uma solidez
interior, uma convicção firme do crente; a fé ilumina também as relações entre
os homens, porque nasce do amor e segue a dinâmica do amor de Deus”. (n.50).
Prossegue afirmando que “A fé faz compreender a arquitetura das relações
humanas, porque identifica o seu fundamento último e destino definitivo em
Deus, no seu amor, e assim ilumina a arte da sua construção, tornando-se um
serviço ao bem comum”. (n.70)
Como bom latino americano, na Exortação Apostólica, Sobre a
Alegria do Evangelho, nos faz assumir postura diante de desafios que o mundo
atual nos impõe e que ele chama de desafios: “A alegria de viver frequentemente
se desvanece; crescem a falta de respeito e a violência, a desigualdade social
torna-se cada vez mais patente. É preciso lutar para viver, e muitas vezes
viver com pouca dignidade. Esta mudança de época foi causada pelos enormes
saltos qualitativos, quantitativos, velozes e acumulados que se verificam no
progresso científico, nas inovações tecnológicas e nas suas rápidas aplicações
em diversos âmbitos da natureza e da vida”. (n.52). São importantes aqui
também, os nãos do Papa: não a uma economia da exclusão, não à nova idolatria
do dinheiro, não a um dinheiro que governa em vez de servir, não à desigualdade
social que gera violência. (cf. n.53-60).
O nosso tema ‘bem comum’, com a paz social, o Santo Padre
discorre nos números 217-237, da Exortação, destacando quatro princípios
norteadores: O tempo é superior ao espaço, a unidade prevalece sobre o
conflito, a realidade é mais importante do que a ideia e o todo é superior à
parte. Segundo Papa Francisco, “As reivindicações sociais, que têm a ver com a
distribuição das entradas, a inclusão social dos pobres e os direitos humanos
não podem ser sufocados com o pretexto de construir consenso de escritório ou
uma paz efêmera para uma minoria feliz. A dignidade da pessoa humana e o bem
comum estão acima da tranquilidade de alguns que não querem renunciar aos seus
privilégios. Quando estes valores são afetados, se faz necessária uma voz
profética”. (n.218). Citando a Conferência dos Bispos Católicos dos Estados
Unidos é mais enérgico ainda: “ser cidadão fiel é uma virtude, e a participação
na vida política é uma obrigação moral”. (n.220).
EM VIAS DE CONCLUSÃO. O Papa Bento XVI, falando sobre a
Caridade na Verdade, Encíclica Caritas in Veritate, nos lembra dois princípios
orientadores da caridade: a justiça e o bem comum (n.6); falando do bem comum
diz que “Ao lado do bem individual, existe um bem ligado à vida social das
pessoas: o bem comum. É o bem daquele ‘nós todos’, formado por indivíduos,
famílias e grupos intermédios que se unem em comunidade social. Querer o bem
comum e trabalhar por ele é exigência de justiça e de caridade”. (n.7). Também
na atividade econômica, não se pode reduzir tudo a uma lógica mercantil, diz
Bento, “esta há de ter como finalidade a prossecução do bem comum, do qual se
deve ocupar também e sobretudo a comunidade política”. (n.36). O agir econômico
não pode estar separado do agir político, pois a função seria buscar a justiça
através da redistribuição, conclui o Papa. Mas foi o Papa Paulo VI quem cunhou
a frase lapidar da relação caridade e política: “A política é uma forma sublime
do exercício da caridade”.
Em via de conclusão se pode dizer que o cântico profético de
Maria encontrou guarida na vida da Igreja, particularmente na América Latinam
onde o povo é sedento de solidariedade, distribuição de renda e alternância de
poder; assim como sonha com a superação da pobreza e da miséria fruto da
conversão radial da cultura da exploração e da concentração dos bens, nas mãos
de poucos, mas também do empoderamento dos povos afro-ameríndios, para
cantarmos com Maria: “Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de
alegria em Deus, meu Salvador...”. (Lc 1,46).
O profeta Amós nos faz recordar o empenho da Igreja, na
redemocratização do Brasil e na luta constante pela cidadania plenamente
participativa, em vista do bem comum, sem prescindir da sua missão
evangelizadora. O “comprar os infelizes por dinheiro e os pobres por um par de
sandálias” (Am 8,6), evoca a Lei 9.840 de 1997, de iniciativa popular Contra
corrupção eleitoral, a compra de voto, que diz: “Ressalvado o disposto no art.
26 e seus incisos, constitui captação de sufrágio, vedada por esta Lei, o
candidato doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de
obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive
emprego ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da
eleição, inclusive, sob pena de multa de mil a cinqüenta mil Ufir, e cassação
do registro ou do diploma, observado o procedimento previsto no art. 22 da Lei
Complementar no 64, de 18 de maio de 1990." (Art. 41)
Digno de nota, também em favor do
bem comum, cortando na raiz o mal do aproveitamento para si, do que é de todos,
e da proibição de candidatar-se os que foram condenados por um colegiado da
justiça. A Lei da Ficha Limpa, como ficou conhecida, pune os infratores e os
tornam inelegíveis. As infrações são as seguintes: “A punição de
inelegibilidade é aplicada aos infratores dos seguintes crimes: contra a
economia popular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio público;
contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os
previstos na lei que regula a falência; contra o meio ambiente e a saúde
pública; eleitorais para os quais a lei determine a pena de prisão; de abuso de
autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do cargo ou à
inabilitação para o exercício de função pública; de lavagem ou ocultação de
bens, direitos e valores; de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo,
tortura, terrorismo e hediondos; de redução à condição análoga à de escravo;
contra a vida e a dignidade sexual; e delitos praticados por organização
criminosa, quadrilha ou bando”.
Ainda: “A Lei da Ficha Limpa também condena os
candidatos que tiverem suas contas, relativas ao exercício de cargos ou funções
públicas, rejeitadas por irregularidade insanável que configure improbidade
administrativa. Encontram-se na mesma condição, os detentores de cargos
públicos que beneficiarem a si ou a terceiros através de abuso do poder
econômico ou político”.
Irmão Pipoca, Irmã Djé com a Imã em Santa Luzia no II Theotokos.
Fonte: Diocese de Viana
Postado por: Dom Sebastião Lima Duarte
Fonte: Diocese de Viana
Postado por: Dom Sebastião Lima Duarte