O deputado Domingos Dutra (PT-MA)
anunciou ontem (15) que vai deixar o seu partido e se filiar à sigla a ser
criada pela ex-ministra Marina Silva (ex-PT e ex-PV).
O novo partido deve
ser criado hoje em Brasília, em uma evento que deverá contar com outros
petistas como o senador Eduardo Suplicy e o deputado Alessandro Molon (RJ). Em
discurso na Câmara ontem, Dutra, ferrenho adversário do senador José Sarney
(PMDB-AP), disse que sai do PT “com dor no coração” e que sua postura é “talvez
sem volta”. A saída deve acontecer em setembro, exceto se o PT do Maranhão
deixe de ser “humilhado pela oligarquia Sarney”.
Com 33 anos de
militância petista, Dutra afirmou que a nova sigla vai lutar pelos mesmos
ideais originais do PT. “Esse partido novo tentará resgatar parte daqueles
sonhos que nos motivaram a fundar o PT em 1980”, disse ele em discurso no
plenário da Câmara.
Dutra nunca escondeu
sua contrariedade com o fato de o ex-presidente Lula ter feito uma aliança com
José Sarney, seu principal adversário. No discurso, ele ressaltou que esse é um
dos motivos de deixar o PT e migrar para o partido de Marina Silva. “No
Maranhão, o PT está, oficialmente, no que eu digo, de forma direta e popular,
no curral da oligarquia Sarney. O Maranhão é o único Estado do Brasil que até
hoje a ditadura não acabou.”
Outro motivo de
insatisfação foram as eleições de 2010. Dutra diz que os petistas do Maranhão
votaram e aprovaram apoiar a candidatura do ex-deputado Flávio Dino (PCdoB)
para governador do estado, contra a filha de Sarney, Roseana Sarney (PMDB), que
acabou eleita. Mas, no final, o PT Nacional interveio para que o diretório
estadual ficasse do lado da família Sarney. “O senador Sarney moveu céu e terra
e, ao final, conseguiu a intervenção, anulando o nosso encontro e entregando o
PT do Maranhão para a oligarquia”, criticou.
O deputado disse que
não teve escolha ao decidir deixar o partido. Afirma que parte da legenda no
estado quer “libertar” o Maranhão dos Sarney, enquanto outra parte quer
apoiá-lo. “Estou sendo obrigado a sair do PT, partido pelo qual, há três
décadas, dedico a minha vida, em função dessa situação esdrúxula.”
Do Congresso em Foco,
com edição
Escrito
por Louremar Fernandes
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