quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Testemunha no Caso Décio Sá morre no Carlos Macieira



Morreu no fim da madrugada de ontem, no Hospital Dr. Carlos Macieira (HCM), no bairro Calhau, uma das principais testemunhas arroladas no inquérito que apurou o assassinato do jornalista Décio Sá, de 42 anos. Ricardo Santos Silva, conhecido como Carioca, de 35 anos, não resistiu aos sete tiros que levou na noite do dia 3 de janeiro, quando foi vítima de uma tentativa de homicídio praticada por um grupo de homens armados, no bairro Turu.

A notícia da morte de Ricardinho, como a vítima também era conhecida, foi confirmada logo cedo pelo secretário de Inteligência e Assuntos Estratégicos da Secretaria de Segurança Pública (SSP), Laércio Costa. "Ele morreu às 5h. Esta semana, a vítima havia apresentado uma melhora significativa, ao sair do coma induzido, tanto que já estávamos aguardando a sua liberação pelos médicos para ouvi-lo. Antes não era possível, pois ele mal podia falar", disse Costa.

Internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) desde o atentado, Carioca, segundo informações da própria SSP, se recuperava principalmente de um tiro que sofreu no rosto. Outro ferimento grave sofrido pela testemunha do caso Décio Sá já lhe dava sinais de que sua locomoção ficaria comprometida. "Entre os disparos, um lesionou a coluna cervical da vítima, que provavelmente ficaria paraplégica", acrescentou o secretário.

Escoltado 24 horas por policiais coordenados pelo Serviço de Inteligência da SSP, Ricardinho foi internado pela primeira vez no Hospital São Domingos, no bairro Bequimão. Na unidade médica particular, a vítima recebeu atendimento até o dia 15 de janeiro, data em que foi transferido por policiais do Grupo Tático Aéreo (GTA), segundo informações, a pedido da família, que teria alegado falta de condições financeiras para custear os gastos.

Invasão - Na época, por causa da grande movimentação de policiais pelos corredores do hospital privado, chegou a circular a notícia de que homens armados teriam invadido a casa de saúde para matá-lo. O suposto "novo atentado", apesar de confirmado por funcionários, foi tratado como um "mal-entendido" pelo secretário de Segurança, Aluísio Mendes. "Algumas pessoas confundiram a transferência com outra tentativa de homicídio", garantiu Mendes.

Ontem, em entrevista a O Estado, Laércio Costa considerou a morte de Ricardinho um grande prejuízo às investigações sobre a morte de Décio Sá. "A Polícia Civil do Maranhão, durante o inquérito, colheu informações importantes que certamente seriam esclarecidas com o depoimento dele. Ele sabia de muita coisa, era um 'arquivo vivo', principalmente por também ser um criminoso e por isso sua morte foi encomendada", concluiu o secretário.

Ricardo Santos Silva foi uma das 55 testemunhas arroladas no processo que apura a morte do jornalista Décio Sá, convocadas para as audiências de instrução, que deveriam ter ocorrido entre os dias 28 e 31 de janeiro, no Salão do Júri, no Fórum Desembargador Sarney Costa, no Calhau. As oitivas, porém, foram suspensas por uma liminar já cassada a pedido do Ministério Público, assinada pelo desembargador do Tribunal de Justiça, Raimundo Nonato de Souza.

A intimação, feita pela juíza titular da 1ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, Ariane Mendes Castro Pinheiro, foi fundamentada pelas investigações da polícia judiciária, que identificou Ricardinho como uma das pessoas que teria almoçado com o empresário agiota Gláucio Alencar Pontes Carvalho, de 34 anos, denunciado pelo Ministério Público como um dos mandantes da morte do blogueiro. Ricardo Santos, portanto, segundo a polícia, teria ligação com a quadrilha.

Atentado - Com várias passagens pela Polícia Civil do Maranhão, e até no Rio de Janeiro, onde chegou a ser preso por ordem da Justiça por suspeita de participação em crimes de homicídios e assaltos na cidade de Duque de Caxias, Ricardo Santos Silva foi cercado por um grupo de homens armados quando trafegava pela Avenida General Arthur Carvalho, próximo ao Motel Le Baron, em seu veículo Toyota Corolla azul (NNF-8653). Segundo a polícia, dois homens que estavam em uma moto preta efetuaram os disparos.

Ricardinho foi alvejado com sete tiros de pistola calibre 380, que lhe atingiram os braços, abdômen e pernas. Ainda de acordo com a polícia judiciária, ele era suspeito de comandar algumas das mais movimentadas casas de bingos, instaladas na região metropolitana de São Luís e, consequentemente, de financiar a produção de máquinas caça-níqueis, negócio ilícito que, por sua vez, sustenta o crime de contravenção penal e grande motivador de crimes de encomenda.

Postado por Marcial Lima

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