quinta-feira, 25 de abril de 2013

Desemprego no Brasil sobe em março e inflação reduz renda do trabalhador



Apesar de o desemprego ser o menor para o mês, taxa foi a maior desde junho de 2012

Reuters |
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O desemprego no Brasil subiu ligeiramente no mês passado, com o mercado de trabalho mostrando perda de dinamismo, ao mesmo tempo em que a inflação começou a corroer a renda do trabalhador brasileiro, mostraram dados divulgados nesta quinta-feira (25).
A taxa de desemprego atingiu 5,7% em março, menor patamar histórico para o mês, ante 5,6% em fevereiro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar de ser o menor resultado para março, a taxa de desemprego foi a maior leitura registrada desde junho do ano passado (5,9%) e completou três meses seguidos de alta, algo que normalmente ocorre após as festas de final de ano, quando há dispensa de temporários.
Agência Brasil
O rendimento médio da população ocupada caiu 0,2% no mês passado ante fevereiro, ao atingir R$ 1.855,40
"A economia não reage e não se aumenta a força de trabalho", disse o pesquisador do IBGE Cimar Azeredo.
Segundo o IBGE, a ligeira alta no desemprego em março se deve tanto à redução nas contratações quanto ao aumento na desocupação, que são as pessoas que estão procurando ou perderam emprego.
A população ocupada recuou 0,2% em março na comparação com fevereiro, mas cresceu 1,2% ante o mesmo período do ano anterior, totalizando 22,922 milhões de pessoas nas seis regiões metropolitanas avaliadas.
A população desocupada, por sua vez, chegou a 1,373 milhão de pessoas em março, alta de 1,2% ante fevereiro, mas queda de 8,5% sobre um ano antes.
Outro fator que chamou a atenção foi o índice de inatividade, quando as pessoas desistem de procurar trabalho, que cresceu 0,5% em março. Em fevereiro, a taxa já havia expandido 1%.
Esse fenômeno ficou concentrado em São Paulo, segundo o IBGE, região mais importante da pesquisa e com participação de cerca de 40% no mercado de trabalho. Nela, embora a taxa de desemprego tenha caído para 6,3% em março ante 6,5% em fevereiro, houve forte dispensa e crescimento na inatividade.
A população ocupada em São Paulo caiu 1,5% em março ante fevereiro e a desocupação avançou 4,4%. Parte desse contingente foi para a inatividade, que aumentou 2,1%.
Se houver uma queda na população ocupada e aumento da inatividade, especialmente em São Paulo, passa-se a ter um problema no mercado
"São Paulo teve movimento inesperado e a luz amarela foi acesa", destacou Azeredo. "Se houver uma queda na população ocupada e aumento da inatividade, especialmente em São Paulo, passa-se a ter um problema no mercado."
Rendimento x inflação O rendimento médio da população ocupada caiu 0,2% no mês passado ante fevereiro, ao atingir R$ 1.855,40, já afetado pela inflação elevada no país. Em janeiro, o rendimento havia crescido 1,2%, após duas quedas em novembro e dezembro, acrescentou o IBGE.
"Por trás disso, há aumento da inflação, que vem corroendo (os ganhos). O que ocorre também é perda do poder de compra do trabalhador", completou Azeredo.
A inflação tem permanecido em patamares elevados e chegou a estourar o teto da meta do governo, de 6,50% ao ano. Em março, o IPCA registrou alta 6,59% em 12 meses e, em abril, o IPCA-15 —sua prévia— mostrou avanço de 0,51%, acumulando 6,51% em 12 meses.
Por outro lado, avaliam economistas, embora o baixo nível do desemprego no país evidencie que a recuperação frágil da economia tem pouco impacto sobre o mercado de trabalho, ele ajuda a manter a pressão sobre os preços.
O Banco Central destacou nesta quinta-feira (25), por meio da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), a estreita margem de ociosidade no mercado de trabalho e ponderou que "um risco significativo reside na possibilidade de concessão de aumentos de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade e suas repercussões negativas sobre a dinâmica da inflação."

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