quinta-feira, 4 de abril de 2013

Fani sobre depressão no BBB13: "Negaram meu remédio e me deram homeopatia"



Em entrevista exclusiva ao iG, a apresentadora, que faz uso do medicamento Pristiq há seis anos, diz que a Globo ignorou o laudo de seu psiquiatra durante o programa: "Fiquei sem vontade de viver e curtir a vida"

iG Gente , por Anderson Perri |
Fani Pacheco. Foto: Divulgação/TV Globo/Playboy/AgNews
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A apresentadora e ex-BBB Fani Pacheco usou o Twitter nessa terça-feira (2) para desabafar sobre um momento difícil que está passando: a volta da depressão. Ela culpa a Globo pela volta da doença que trata há seis anos. Procurada pelo iG Gente , Fani contou por email as dificuldades que enfrentou no confinamento e afirma que a emissora carioca não atendeu aos pedidos de seu médico e de sua família. 
Ao ser questionada nessa quarta-feira (3) pela reportagem, o canal não respondeu especificamente se Fani foi proibida ou não de levar seus próprios medicamentos, mas declarou, por meio da Comunicação Globo, que "os participantes são monitorados permanentemente por uma equipe de médicos que acompanha o programa e têm à disposição todos os medicamentos que necessitam".
Leia a entrevista completa com Fani Pacheco:
iG: Qual foi o principal motivo de você ter aceitado voltar ao "BBB"? Fani Pacheco : Sempre tive o sonho de voltar ao "BBB". Talvez o motivo fosse mostrar a Fani por completo, coisa que eu não consegui fazer no "BBB7", por ingenuidade e também para possivelmente ganhar o prêmio (de R$ 1,5 milhão).
iG: Como surgiu o convite para voltar? Fani Pacheco: Surgiu com uma notícia no site do programa de que teriam veteranos no "BBB13". Fizeram paredões de votação online, ganhei o paredão, fui para entrevistas e entrei.
As pessoas nao tratam a depressao como doença e sim como uma simples "frescura" e isso é uma falta de respeito com o ser humano ”
iG: Pelo Twitter, você declarou que está sofrendo com depressão. Quando você percebeu que estava em estado depressivo? Fani Pacheco: Nos primeiros 20 dias do programa sofri com abstinência do remédio. Logo depois veio a depressão, que foi piorando com o passar dos dias, até hoje. 
iG: Como está sua rotina atulamente? Fani Pacheco: Minha rotina é me empenhar, mesmo desmotivada, em cumprir com os trabalhos que tenho "obrigação" de fazer. Cuidar, na medida do possível, da minha loja, tentar fazer exercícios, uma indicação médica, e estar com minha família e amigos na maior parte do tempo, pois, do contrário, só sinto vontade de dormir.
Divulgação
Fani: "Achei sinceramente que iria sair bem dessa"
iG: Qual a causa principal da doença ter reaparecido? Fani Pacheco: Faço tratamento com meu psiquiatra desde os 17 anos, depois de alguns episódios depressivos recorrentes sem causa aparente, com acompanhamento pscicológico e exames. Meu médico diagnosticou meu transtorno mental como depressão endógena. A causa é orgânica, neuroquímica e genética. Ou seja, o tratamento não pode ser interrompido.
iG: Você afirmou que a produção do reality show não deixou você entrar com os medicamentos. É isso mesmo? Quando soube da regra?  Fani Pacheco: Sim, avisaram enquanto fechavam as minhas malas.
iG: A produção tirou o remédio da sua mala ou você nem chegou a levar? 
Fani Pacheco: Eu levei o remédio para lá e as receitas para comprá-lo, tomei enquanto estava no hotel (antes do confinamento). Na hora de fechar as malas para ir ao BBB, avisaram que eu não poderia levá-lo. Ficou lá com outros pertences.
Nunca fui avaliada por nenhum médico da Rede Globo a respeito da minha doença ou dos meus remédios ”
iG: Qual medicamento você fazia uso?  Fani Pacheco: Eu faço uso do medicamento Pristiq (antidepressivo), responsável por manter em equilíbrio meus níveis de serotonina e noradrenalina.
iG: Você avisou antes de entrar na casa que tomava o remédio?  
Fani Pacheco: Avisei. Achei inclusive que iriam liberar como fizeram em 2007. A produção sabia do uso do medicamento desde 2007, tanto que pude levar na época. Fora isso, declarei o uso do mesmo em todas as fichas médicas dos exames e consultas que fiz para a pré-seleção, um mês antes de entrar na casa
Divulgação/TV Globo/Playboy/AgNews
Em 2007, ela formou um divertido triângulo amoroso com Alemão e Íris: "Lá, eu fui feliz. Agora, não"
iG: Foi um médico da Globo que avaliou que você não precisava dele? 
Fani Racheco: Não, nunca fui avaliada por nenhum médico da Rede Globo a respeito da minha doença ou dos meus remédios.
iG: A Comunicação da Globo afirmou que os participantes do reality têm acompanhamento médico dentro da casa, caso necessitem de algum remédio. Você foi atendida durante o "BBB13"? Fani Pacheco: Existe acompanhamento médico 24h e médicos de todas as especialidades disponíveis para os participantes. Foi permitido que eu fizesse duas sessões de terapia com a psicóloga durante o meu confinamento.
iG: Durante o programa, você chegou a pedir algum medicamento que foi negado? Fani Pacheco:  Sim, o meu medicamento Pristiq. Negaram e passaram a me dar Passiflorine, um remédio homeopático, diariamente. Minha família ficou muito preocupada ao me assistir no pay-per-view naquele estado e acionou meu psiquiatra. Ele chegou a encaminhar um laudo médico à produção do programa, informando a gravidade da doença e do risco que eu correria com a minha saúde caso retirassem o remédio repentinamente. Ele chegou a conversar com um médico de plantão, que disse que resolveria o problema. Mas nada foi feito.
iG: Por que você aceitou entrar na casa quando soube que não poderia levar o medicamento? Fani Pacheco:  Faço o tratamento há seis anos ininterruptos. Não fazia ideia do risco que estava correndo, não podia contar a ninguém sobre a possibilidade de entrar no programa. Como era um grande sonho, não pensei duas vezes. Achei, sinceramente, que iria sair bem dessa.
Minha família ficou muito preocupada ao me assistir no pay-per-view naquele estado e acionou meu psiquiatra. Ele chegou a conversar com um médico de plantão, que disse que resolveria o problema. Mas nada foi feito ”
iG: Se estivesse sendo medicada corretamente, acredita que o seu final no programa poderia ter sido diferente? Qual a maior diferença comportamental entre  quando faz o uso do medicamento e quando é privada deles? Fani Pacheco:  Não faço a mínima ideia se o meu final no programa seria diferente. Conheci a diferença no programa. Senti uma tristeza e uma angústia profundas, sem controle. Fiquei desmotivada, com o corpo cansado e dolorido, sem vontade de viver e curtir a vida. Sem prazeres.
iG: Você fez o uso dos mesmos remédios na reality show em 2007? Qual foi a maior diferença de uma edição para a outra?  Fani Pacheco:  Sim, em 2007 eu era feliz. 
iG: Eles te deram alguma razão para não poder mais usar os medicamentos? Fani Pacheco:  Não, não me deram nenhuma razão.
Divulgação/TV Globo/Playboy/AgNews
Fani Pacheco durante sua participação no Big Brother Brasil
iG: Depois de suas declarações no Twitter e a repercussão na imprensa, alguém da Globo te ligou?  
Fani Pacheco : Não.
iG: Você ainda é contratada da emissora? Fani Pacheco: Sou contratada até junho.
iG: O que a Fani Pacheco deseja daqui para frente? Quais são seus projetos? Fani Pacheco:  Desejo ficar bem, voltar a ser feliz como sempre fui. Ter vontade de ter sonhos novamente e colocá-los em prática.
iG: Recebeu muito carinho dos fãs? Fani Pacheco: Tenho milhares de fãs, minha aceitação e torcida neste ano foram mil vezes maiores do que em 2007. Recebo muito carinho e admiração. Isso me faz feliz.
iG: Qual recado você daria a pessoas sofrem de depressão? Fani Pacheco:  Por pura falta de informação e preconceito, as pessoas não tratam a depressão como doença, e sim como simples frescura. Isso é falta de respeito com o ser humano. E não é só isso. A ignorância em torno da doença faz com que familiares e amigos, na tentativa de ajudar, piorem ainda mais a condição do depressivo. Frases como “tenha um pouco de força de vontade”, “você tem uma vida tão boa, está com depressão por quê?” e “se ocupe com outras coisas que você não terá tempo de pensar em bobagens”, funcionam como uma bomba na cabeça de quem já se esforça, diariamente, para conseguir sair da cama. Isso mostra que as pessoas não conhecem o transtorno. Elas não imaginam que o paciente não consegue reagir. Não depende de força de vontade. O meu conselho é: se tratem e se cuidem, pois a depressão é uma doença tratável e muitas vezes curável, como outra qualquer. O cérebro também é um órgão do corpo humano, como qualquer outro. Logo, pode adoecer.
iG: E qual recado mandaria à Globo ou à produção do BBB? Fani Pacheco: Não tenho recado nenhum para dar.

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