sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Polícia prende onze acusados de integrar a maior milícia do Rio de Janeiro


Grupo atuava com agiotagem, extorsões, ameaças, comércio de combustíveis, além de explorar o transporte alternativo, máquinas caça-níqueis e cobrar “taxa de segurança”


O Dia
Onze pessoas acusadas de integrar o segundo escalão da milícia conhecida como Liga da Justiça , a maior em atividade no Rio de Janeiro, foram presas nesta quinta-feira durante a Operação Pandora 2, desencadeada pela Secretaria de Segurança e pelo Ministério Público estadual. Os agentes também cumpriram 30 mandados de busca.
Osvaldo Praddo / Agência O Dia
Pastor era um dos agiotas da quadrilha, uma das atividades mais rentáveis do grupo
Treze pessoas tiveram a prisão preventiva decretada e foram denunciadas à Justiça por formação de quadrilha armada para a prática de crimes hediondos, agiotagem e extorsão. A ação é uma continuidade da Operação Pandora realizada em setembro do ano passado, quando 17 pessoas foram denunciadas pelo Gaeco a partir de investigações da Draco.
Até o momento, 11 dos 13 procurados já estão presos. Foram apreendidos um caminhão com combustível supostamente adulterado, cinco carros importados, três armas, munição de uso restrito, um disco rígido de computador (HD), cerca de R$ 5 mil e vários com putadores e documentos. Ainda estão sendo procurados André Marcelo Botti de Andrade, o “Botti,” e Cléber Oliveira da Silva.
De acordo com as investigações, o bando atuava em cinco bairros da zona oeste e cometia uma série de crimes como agiotagem, extorsões, ameaças, comércio ilegal de combustíveis, além da exploração de transporte alternativo, de máquinas caça-níqueis e cobrança irregular de “taxa de segurança”.
A agiotagem era uma das atividades mais rentáveis deste ramo da quadrilha, que chegava a cobrar 30% de juros ao mês das vítimas, com ameaças violentas a quem atrasasse o pagamento. O pastor Dijanio Aires Diniz, de acordo com investigações, era um dos mais atuantes agiotas do grupo, e utilizava as dependências da Igreja Pentecostal Deus é a Luz, em Campo Grande, como escritório de empréstimos e cobranças. Ele chefiava, em conjunto com o ex-policial militar Carlos Henrique Garcia Ramos, conhecido como “Henrique”, uma vasta rede de agiotas. O pastor Diniz se entregou á polícia no início da tarde desta quinta.
Segundo o titular da Draco-IE, delegado Alexandre Capote, o ex-PM é conhecido pela truculência e foi preso, em flagrante, em maio deste ano, quando extorquia R$ 120 mil de uma das vítimas junto com o denunciado Luciano Alves da Silva, o “Cobra”, e Célio Alves Palma Junior.
Quadrilha violenta
A violência imposta pela quadrilha pôde ser constatada em episódio envolvendo o pastor Dijanio, como relata a denúncia do Gaeco. Segundo investigações, em junho do ano passado, dentro da Igreja Deus é a Luz, Dijanio ameaçou violentamente um homem que pegou R$ 50 mil emprestados. A vítima foi ao templo informar que atrasaria o pagamento apenas daquele mês, pois passava por dificuldades financeiras. Na época do empréstimo, em dezembro de 2010, o homem, ainda de acordo com informações da Draco, entregou a “Pastor” 12 cheques no valor de R$ 5 mil a serem descontados mensalmente, além de ter se comprometido a pagar outros R$ 2,5 mil em dinheiro todo mês, a título de juros. Em escutas telefônicas gravadas com autorização da Justiça, “Pastor” ameaça o homem: “Agora que você sabe de quem é o dinheiro, dá seu jeito. Henrique não perdoa”, ameaçou, referindo-se ao ex-PM Carlos Henrique.
No organograma da quadrilha, que agia em Campo Grande, Cosmos, Inhoaíba, Paciência e Santíssimo, o ex-policial militar José Luis Cordeiro Cavalcante da Silva, o “Bolt”, também integrava o núcleo de agiotagem, sendo subordinado a “Pastor”, e também operava a negociação ilícita de armas de fogo. De acordo com a denúncia, Elber Meireles Pessanha, “o Elbinho”, era o gestor do desenvolvimento da atividade de adulteração e venda ilegal de combustível para a milícia, utilizando-se das empresas de sua propriedade (E.Mereiles Pessanha e Deneza Agroindustrial Ltda, em Campos) como fachada.
Já Cléber Oliveira da Silva, segundo a DRACO, é o braço direito de Elber e responsável pela compra de lacres e cabos de aço utilizados no esquema de venda de combustível adulterado e também da confecção das notas fiscais falsas que legitimavam a fraude. Ele contava com a ajuda do primo Leandro José de Freitas da Silva, o “Bomba”, que também negociava armas e munições para o bando. Os outros denunciados são Aline Barbosa da Silva; Antonio Claudino Ribeiro Blanco; Rhuan Claudius Martins Blanco e José Ribamar Gomes Passos.
Além da formação de quadrilha para a prática de crimes hediondos, “Bolt”, Celio Junior, José Ribamar e “Pastor” foram denunciados pelo Gaeco pelo crime de agiotagem. “Pastor” também responderá por extorsão. O Gaeco também requereu ao Juízo da 42ª Vara Criminal mandados de busca e apreensão nos endereços residenciais dos denunciados e também a quebra de sigilo bancário e bloqueio cautelar da conta corrente de “Pastor” e Cleber.

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