sexta-feira, 15 de março de 2013

Evangelho quotidiano

Sexta-feira, dia 15 de Março de 2013
Sexta-feira da 4ª semana da Quaresma

Santa Luísa de Marillac, viúva, religiosa, +1660,  S. Clemente Maria Hofbauer, confessor, +1821,  Beato Artémides Zatti, religioso enfermeiro, +1951



Comentário ao Evangelho do dia feito por 
São João da Cruz : «Procuravam, então, prendê-Lo, mas ninguém Lhe deitou a mão»

Leituras

Sab. 
2,1a.12-22.


Dizem os ímpios, pensando erradamente: « 
Armemos laços ao justo porque nos incomoda, e se opõe à nossa forma de actuar. Censura-nos as transgressões da Lei, acusa-nos de sermos infiéis à nossa educação. 
Ele afirma ter o conhecimento de Deus e chama-se a si mesmo filho do Senhor! 
Ele tornou-se uma viva censura para os nossos pensamentos; só o acto de o vermos nos incomoda, 
pois a sua vida não é semelhante à dos outros e os seus caminhos são muito diferentes. 
Ele considera-nos como escória e afasta-se dos nossos caminhos como de imundícies. Declara feliz a sorte final do justo e gloria-se de ter a Deus por pai. 
Vejamos, pois, se as suas palavras são verdadeiras, e que lhe acontecerá no fim da vida. 
Porque, se o justo é filho de Deus, Deus há-de ampará-lo e tirá-lo das mãos dos seus adversários. 
Provemo-lo com ultrajes e torturas para avaliar da sua paciência e comprovar a sua resistência. 
Condenemo-lo a uma morte infame, pois, segundo ele diz, Deus o protegerá.» 
Estes são os seus pensamentos, mas enganam-se porque os cega a sua malícia. 
Ignoram os desígnios secretos de Deus, não esperam a recompensa da piedade e não acreditam no prémio reservado às almas simples. 


João 7,1-2.10.25-30.

Naquele tempo, Jesus percorria a Galileia, evitando andar pela Judeia, visto que os judeus procuravam matá-lo. 
Estava próxima a festa judaica das Tendas. 
Contudo, depois de os seus irmãos partirem para a festa, Ele partiu também, não publicamente, mas quase em segredo. 
Então, alguns de Jerusalém comentavam: «Não é este a quem procuravam, para o matar? 
Vede como Ele fala livremente e ninguém lhe diz nada! Será que realmente as autoridades se convenceram de que Ele é o Messias? 
Mas nós sabemos donde Ele é, ao passo que, quando chegar o Messias, ninguém saberá donde vem.» 
Entretanto, Jesus, ensinando no templo, bradava: «Então sabeis quem Eu sou e sabeis donde venho?! Pois Eu não venho de mim mesmo; há um outro, verdadeiro, que me enviou, e que vós não conheceis. 
Eu é que o conheço, porque procedo dele e foi Ele que me enviou.» 
Procuravam, então, prendê-lo, mas ninguém lhe deitou a mão, pois a sua hora ainda não tinha chegado. 


Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org



Comentário ao Evangelho do dia feito por 

São João da Cruz (1542-1591), carmelita descalço, doutor da Igreja
Cântico espiritual, estrofe 1 (Obras Completas, Ed. Carmelo, 2005)

«Procuravam, então, prendê-Lo, mas ninguém Lhe deitou a mão»

Aonde Te escondeste, 
Amado, e me deixaste num gemido? 
Qual veado fugiste 
Havendo-me ferido. 
Atrás de Ti clamei, tinhas partido! 


É como se dissesse: «Ó Verbo, meu Esposo, mostra-me o lugar onde estás
escondido!» Deste modo, está a pedir que lhe mostre a sua essência divina,
porque o lugar onde o Filho de Deus está escondido é, como diz São João, o
seio do Pai (Jo 1,18), que é a essência divina, a qual permanece longe dos
olhos mortais e escondida a todo o entendimento humano. Por isso, Isaías,
falando de Deus, disse. «Na verdade, Vós sois um Deus escondido» (Is
45,15).


Advirta-se, portanto, que, por maiores comunicações, presenças, notícias
sublimes e elevadas de Deus que uma alma possa ter nesta vida, isso não é
essencialmente Deus nem tem a ver com Ele; na verdade, está ainda escondido
à alma. É por isso que, além de todas essas grandezas, convém sempre à alma
tê-lO por escondido e buscá-lO como escondido dizendo: «Aonde Te
escondeste?» De facto, nem a comunicação elevada nem a presença sensível
são uma demonstração clara da presença graciosa de Deus; nem tampouco a
secura e carência de tudo isso na alma demonstra a Sua ausência. Daí que o
profeta Job tenha dito: «Passa diante de mim e eu não O vejo, afasta-Se de
mim e não me apercebo (Jb 9,11).


Desta maneira dá-se a entender que se a alma sentir uma grande comunicação,
ou sentimento ou notícia espiritual, nem por isso se há-de convencer de que
aquilo que sente consiste em possuir ou ver nítida e essencialmente a Deus,
ou que seja possuir mais a Deus ou estar mais em Deus, por muito forte que
seja. De igual modo, não deve pensar que, se todas essas comunicações
sensíveis e espirituais lhe vierem a faltar, ficando às escuras, em aridez
e abandono, Deus lhe falta. [...] Portanto, neste verso, a intenção
principal da alma não consiste em pedir apenas a devoção afectiva e
sensível, onde não é certo nem claro possuir-se o Esposo, mas, sobretudo,
pedir a presença e a visão clara da Sua essência, da qual quer ter a
certeza e a consolação na outra vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

COMENTE NOSSAS POSTAGENS