quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Juiz desaprova prestação de contas de Haddad



As contas do comitê de campanha do prefeito eleito de São Paulo Fernando Haddad foramrejeitadas na primeira instância da Justiça Eleitoral. Desaprovou a escrituração o juiz Eleitoral Paulo Furtado de Oliveira Filho.
O magistrado anotou em seu despacho: “as irregularidades são graves, impedindo a verificação da origem dos recursos arrecadados para quitação de todas as despesas assumidas pelo candidato.” O PT já anunciou que irá recorrer.
No oficial, a tesouraria de Haddad arrecadou R$ 42 milhões. Gastou muito mais: R$ 68 milhões. Restou um buraco de R$ 26 milhões. O juiz estranhou o pedaço da contabilidade que trata da contratação de carros de som e material publicitário. Coisa de R$ 4,6 milhões. Farejou indícios de despesa “paga em duplicidade”.
O magistrado achou esquisito também o modo como o comitê de Haddad relacionou-se com outro prestador de serviços. Às véspera do segundo turno da eleição, a tal empresa emitiu 21 notas fiscais de R$ 1 milhão cada. A numeração das notas é sequencial.
A dívida foi assumida pelo diretório municipal do PT numa operação do tipo ‘devo, não nego, pago quando pouder’. “Trata-se da maior contratação de despesa do candidato, certamente a mais relevante, porém não foi juntada aos autos a planilha contendo a descrição dos serviços, como previsto em contrato”, anotou o magistrado.
Como se fosse pouco, o diretório municipal do PT absteve-se de declarar pagamentos de R$30.655,11 feitos à empresa Caso Sistema de Segurança. Pertence à mulher de Freud Godoy, um ex-faz-tudo de Lula, afastado da assessoria do Planalto nas pegadas do escândalo dos aloprados.
Godoy foi mencionado por Marcos Valério no depoimento que prestou à Procuradoria da República em 24 de setembro. O operador do mensalão disse ter repassado dinheiro sujo do esquema para o pagamento de despesas pessoais de Lula. Os repasses foram feitos, segundo Valério, por meio de depósitos feitos na conta da empresa Caso.
O PT recorrerá contra a decisão do juiz Paulo Furtado no TRE de São Paulo. Em caso de derrota, a legenda ainda poderá recorrer ao TSE, em Brasília. Haddad tomará posse em janeiro. Lá na frente, quando ninguém mais se lembrar da encrenca, a Justiça Eleitoral julgará o caso em termos definitivos. Ganha um manual de contabilidade quem adivinhar que fim vai levar esse processo.

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